Após cobrança do SINPAF, Codevasf envia nova proposta para SEST
Por: Gisliene Hesse
Um mês depois da rejeição maciça da categoria à proposta apresentada pela Codevasf (de 3,45% para os salários e de 20% para os auxílios), as comissões de negociação do SINPAF e da empresa voltaram a se reunir no fim da semana passada, nos dias 9 e 10/11.
Na quinta-feira, 9/11, a empresa informou que não houve mudanças na proposta anterior. O SINPAF apresentou diversos argumentos e possibilidades de avanço, dos quais a comissão de negociação da empresa pode considerar para aprimorar uma proposta que atenda minimamente aos anseios dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Negociação Codevasf: sem avanços, com barreiras
No decorrer das tratativas, os integrantes da Comissão Nacional de Negociação do SINPAF (CNN do SINPAF) reclamaram, mais uma vez, da postura engessada da Secretaria de Coordenação e Governança das Estatais-SEST.
“Durante todo o processo, a SEST tem criado barreiras para avanços. Já tentamos dialogar com eles. Estivemos três vezes na secretaria, mas não adiantou. Essa é uma postura padrão que não tem sido utilizada só com o nosso sindicato, mas com outras entidades também. A ministra da pasta se recusa a nos receber para dialogar, criticou o presidente do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruck Vidal.
“A categoria recusou a proposta e a SEST não respondeu. Nunca vi um jogo tão duro em um governo democrático como está sendo agora. Parece que essa postura é para desgastar tanto o sindicato quanto a própria empresa”, destacou Pedro Melo, integrante da Comissão Nacional de Negociação do SINPAF (CNN do SINPAF) de Penedo, AL, e diretor nacional de saúde e meio ambiente.
“A SEST precisa saber que estamos em Brasília para negociar. Se a secretaria não negociar, nós vamos parar”, frisou Paulo José da Silva, representante da CNN de Petrolina, PE.
Realinhamento junto à SEST
Na quinta-feira, na oitava rodada, o SINPAF pressionou a empresa e afirmou que não iria admitir perdas nas cláusulas econômicas. Em vista disso, a Codevasf elaborou uma nova proposta para apresentar junto à SEST.
Na sexta-feira, 10/11, a comissão de negociação da Codevasf informou que foi encaminhado um pedido de realinhamento para a SEST com a proposta de reajuste do índice de 100% do INPC retroativo a data base e índice de 30,77% para os auxílios alimentação e creche. Por último, SINPAF também solicitou à empresa que colocasse o prazo de 20 de novembro para a resposta da nova proposta da Codevasf.
O que diz o Dieese
Juliano Musse, economista do Dieese, acompanhou as tratativas e criticou a proposta da Codevasf. Segundo ele, os 90% no INPC do período desagrada totalmente os empregados e empregadas da Codevasf, já que essa proposta parte de “um governo de esquerda, que, em tese, deveria defender os direitos trabalhistas”.
“Se considerarmos as perdas salariais históricas e a necessidade de reajuste que ultrapassa os 21,75% de 2018 para cá. É pouco, muito pouco! E estamos falando apenas de uma recomposição inflacionária, uma obrigação do empregador, que não impacta em nenhum centavo de ganho real o poder de compra desse trabalhador”, apontou o especialista.
Juliano também chamou atenção para a defasagem nos reajustes de benefícios como o tíquete alimentação/refeição e auxílio creche, que acumulam perdas de 37,55%. “A recomposição no tíquete é muito importante para os/as trabalhadores/as, principalmente para os que têm remunerações mais baixas”, completou Musse.
Por isso, o economista defendeu a recomposição integral da inflação nos salários e a elevação em 37,55% no tíquete alimentação/refeição e auxílio creche. “Esse percentual é razoável, diante do baixo reajuste salarial que será concedido. Lembrando que, mesmo com esses reajustes, não haverá aumento do poder de compra do trabalhador, pois recomposição de perdas não é ganho real”, alertou o representante do Dieese.
Veja também