Mobilização: Empregados/as da Embrapa exigem respeito em ato
Por: Gisliene Hesse
Trabalhadoras e trabalhadores da Embrapa realizaram, na manhã de hoje, 21, em frente à Embrapa, ato em protesto contra a falta de atendimento das reivindicações do Acordo Coletivo de Trabalho da categoria. O SINPAF foi o responsável pela convocação do ato. Empregados e empregadas das Seções Sindicais Cenargen, Cerrados e Hortaliças marcaram presença na mobilização.
A Comissão Nacional de Negociação do SINPAF recusou, na última terça-feira, 19, a proposta de 3,45% para reajustes dos salários e auxílios apresentada pela Comissão de Negociação da Embrapa.
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Cláusulas sociais
Os empregados/as da empresa lutam pelo recomposição do índice das perdas econômicas, que é de 16,49% e por de 37,55% nos auxílios alimentação, creche/pré-escola e dependentes com deficiência. Sobre os auxílios, os empregados e empregadas não recebem reajuste nesses itens desde 2016.
Durante a mobilização, a categoria cobrou mais respeito e dignidade por parte da empresa. Segundo os trabalhadores/as, para além dos problemas encontrados na mesa de negociação, com propostas ruins e tratativas lentas, eles têm enfrentado um ambiente de trabalho hostil e campeão de assédios moral e sexual.
Em seu discurso no ato, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, presidente do SINPAF, ressaltou que depois da proposta indecorosa da empresa, a categoria precisa se manter mobilizada.
“Para além da apresentação de um índice muito ruim, a Embrapa tem emperrado nas tratativas das cláusulas sociais. Questões como o combate aos assédios moral e sexual e o transporte, por exemplo, a empresa sugere montar grupos de trabalho”, destacou Vinicius.
O presidente explicou que o problema da formação de grupos de trabalho é a demora para encontrar soluções. “Nós queremos ter mais objetividade nas questões das cláusulas. Os entraves têm atrasado o ACT. Nós precisamos destravar isso. Temos que nos mobilizar, concluiu Marcus Vinicius.
Nos últimos três dias, as comissões de negociação da empresa e do SINPAF realizaram três rodadas de negociação, mas não ocorreram avanços. Cláusulas novas ou ajustes de cláusulas existentes estão sendo barrados pela empresa. A Comissão da Embrapa utilizado a estratégia de cansar a categoria, como foi utilizada no ano passado.
Veja um pouco de como foi o ato
Assédios Moral e Sexual na Embrapa
Segundo Waltterllene Englen, presidente interino da Seção Sindical Goiânia, esses são cânceres que têm tomado conta do ambiente de trabalho. “O assédio moral tem sido uma ferramenta de gestor incompetente. Se os pesquisadores e analistas estão sendo assediados, imagina o que sobra para nós, técnicos e assistentes?”, frisou Englen.
Queremos respeito
A trabalhadora e diretora de formação sindical da Embrapa Sede, Juliana Andrea Oliveira Batista, declarou que os empregados e empregadas precisam sim de “reajuste digno, mas também de dignidade no ambiente de trabalho.
“Nós queremos respeito. A Embrapa foi considerada a maior instituição que pratica assédio institucional. Não podemos ignorar que vivemos em um ambiente tóxico. A empresa tem que priorizar as pessoas” afirmou Juliana.
Caso Cenargen
O setor médico da Seção Sindical Cenargen declarou que cerca de 60% dos trabalhadores e trabalhadoras dessa unidade sofrem algum distúrbio psicológico por causa do assédio continuado na empresa. Um grupo de 32 pessoas está buscando, na justiça, solução para problemas relacionados ao assédio que têm sofrido dentro da unidade.
“Somos perseguidos e maltratados. A Embrapa precisa fazer alguma coisa. Não tenho muitas forças para ir ao trabalho. O que deveria ser algo normal na minha rotina se transformou em sacrifício”, reclamou uma empregada que vem sendo assediada* (por questões éticas ela não será identificada).
Terceirização na Embrapa
A categoria cobrou ainda uma posição da diretoria da Embrapa em relação ao problema dos assistentes. Em janeiro deste ano, uma resolução do Conselho de Administração da Embrapa (Consad) determinou a retirada de funções do cargo e, com isso, facilitou a terceirização na Embrapa.
“Eu fiquei sabendo que as condições para aprovar o último Plano de Demissão Voluntária (PDI) era retirar os assistentes. E quem mais saiu foram os assistentes. Nós sabemos que a qualidade da pesquisa vai ser muito prejudicada se não tivermos assistentes concursados”, desabafou Antônio Guedes, diretor financeiro-administrativo do SINPAF.
O SINPAF lançou hoje a campanha contra a terceirização e em prol dos assistentes.