Assédio e desmonte: crise na Embrapa Cenargen
Por: Gisliene Hesse
Os/as trabalhadores/as da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Cenargen, DF, decidiram quebrar o silêncio e expor as condições insustentáveis enfrentadas. Nos nos últimos quatro anos, os empregados e as empregadas encaram a má gestão implantada na unidade. Eles denunciaram o assédio moral, o desmonte das pesquisas, a omissão da empresa, a deterioração das condições de trabalho e a queda da produtividade.
Segundo os/as empregados/as, mesmo com a revogação da portaria que designou a chefe-geral da unidade que ocorreu em 18 de setembro (um mês atrás), após pressão do SINPAF junto à direção da empresa e ação direta com faixas em frente à Cenargen, o assédio ainda persiste dentro da instituição por meio dos chefes adjuntos, que utilizam as mesmas ferramentas de gestão implantada pela chefia anterior.
E a chefe-geral anterior permanece na unidade como se nada tivesse acontecido. “Ela continua totalmente blindada. Só falta ela ganhar uma medalha por ‘bom comportamento”, afirmou uma empregada em grupo de diálogo no WhatsApp. (O SINPAF não irá identificar os empregados por precaução).
Assédio e saúde mental
Os trabalhadores e trabalhadoras relataram que a má gestão impactou profundamente a saúde mental e emocional dos empregados/as, além de comprometer os progressos de várias pesquisas realizadas pela instituição.
Um empregado da unidade afirmou em entrevista ao SINPAF que notou um aumento alarmante na quantidade de colegas de trabalho doentes. Ele relatou que alguns revelaram estresse, esgotamento, depressão, ansiedade, entre outros.
Desmantelamento e Perseguições
As denúncias também dão conta de um cenário de desmantelamento, perseguições e esvaziamento de atividades estratégicas. “Áreas fundamentais, como a conservação in situ/on farm, foram deliberadamente desvalorizadas, resultando em impactos diretos na reputação global da Embrapa e em quedas significativas nas avaliações internas”, aponta a denúncia.
A unidade que era referência mundial “passou a amargar perdas inimagináveis, inclusive na avaliação interna da Embrapa, saindo das primeiras posições e indo para a 40ª dentre as 43 unidades da empresa”, destaca o texto da denúncia.
Abuso de Poder e Sindicância Investigativa Contestável
Os/as trabalhadores/as também chamaram a atenção para o abuso de poder, que, segundo eles, permeia várias atividades da unidade. Desde o esvaziamento de colegiados reguladores até a instauração de uma Sindicância Investigativa contestável. Essa sindicância visava reduzir o pagamento de adicional de periculosidade a 32 empregados responsáveis pela manipulação de produtos radioativos.
Vigilância Ostensiva e Intimidação
Outra denúncia dos/as trabalhadores/as é sobre a vigilância ostensiva da gestão. Eles afirmam que ocorreu a instalação de mais de 200 câmeras, sob o pretexto de segurança nacional. Para os empregados/as essa é uma atitude de vigilância ostensiva para controlar os/as trabalhadores/as e não para garantir a segurança.
“As imagens foram utilizadas para ameaçar e questionar os funcionários, criando um ambiente de trabalho doentio”. A afirmação é de outra empregada da unidade, que também não será identificada neste texto.
Sem assédio: Mudanças Imediatas
No documento, os/as empregados/as de Embrapa pedem uma rápida e diligente atuação da presidência. Eles também solicitam atenção da direção da empresa para a apuração das denúncias contra a chefe-geral anterior. Segundo os empregados e empregadas, os chefes adjuntos têm dado continuidade à administração caótica que foi implantada na Embrapa Cenargem. Eles e elas também solicitam a substituição dos chefes adjuntos.
Observação: este texto não cita o nome de nenhum empregado da Embrapa, pois visa protegê-los.
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