
Do Feminicídio à Sobrevivência no Trabalho: o SINPAF e a Luta das Mulheres
Por: Gisliene Hesse
Em um país que registrou um feminicídio a cada sete horas, evidenciando o perigo constante enfrentado por milhares de mulheres, a sociedade está longe de comemorar hoje, 8 de Março, no Dia Internacional das Mulheres. Uma data de resistência e de luta que é marcada por números inaceitáveis que refletem a desigualdade e a cultura de violência de gênero na sociedade.
O SINPAF se posiciona de forma veemente contra todas as formas de violência e defende a implementação de políticas públicas eficazes para prevenção e proteção das mulheres.
“O feminicídio é a forma mais brutal de violência contra a mulher, e cada vida perdida é uma dor para todos nós. O SINPAF segue firme na luta por uma mudança cultural e por políticas que garantam respeito e segurança para as mulheres”, destaca Silvia Belloni, Diretora da Mulher do SINPAF.
Desafios das Mulheres no Mercado de Trabalho
Para além da violência física, as mulheres enfrentam barreiras estruturais no mercado de trabalho. Dados do DIEESE apontam que, mesmo com avanços econômicos, a taxa de desemprego entre as mulheres é de 7,7%, maior que os 5,3% entre os homens. Mulheres negras são ainda mais impactadas, com um índice de desemprego de 9,3%, enquanto homens não negros registram apenas 4,4%. Além da desigualdade salarial, a dupla jornada – equilibrando trabalho remunerado e afazeres domésticos – sobrecarrega as mulheres, contribuindo para problemas de saúde mental como burnout, ansiedade e depressão.
- Desemprego feminino: 7,7% (superior aos 5,3% dos homens);
- Mulheres negras: 9,3% de desemprego (contra 4,4% dos homens não negros);
- Salários menores e acúmulo de tarefas domésticas, levando a altos índices de burnout e transtornos psicológicos.
Confira o Estudo do Dieese Aqui
Sobrecarga de Funções e Impactos na Saúde Mental
As mulheres dedicam, em média, 21 dias a mais por ano a tarefas domésticas do que os homens. Essa carga excessiva empurra 13 milhões de mulheres para fora do mercado de trabalho, muitas vezes por falta de apoio e de políticas que permitam conciliar vida profissional e pessoal. O SINPAF reconhece essa realidade e defende mudanças estruturais que garantam melhores condições de trabalho e qualidade de vida para as mulheres.
Jornada 6×1 e a Necessidade de Mudanças
A relação entre o acúmulo de funções e a jornada de trabalho é evidente. O modelo 6×1, que exige seis dias consecutivos de trabalho para apenas um de descanso, é um dos fatores que acentuam o esgotamento das mulheres. Por isso, o SINPAF apoia a PEC nº 8 de 2025, proposta pela deputada Érika Hilton (PSOL-SP), que busca substituir esse regime pela jornada 4×3, permitindo mais tempo de descanso e convívio familiar.
“A mudança na jornada de trabalho é fundamental para a construção de um ambiente mais equilibrado, onde as mulheres tenham condições de cuidar da própria saúde mental e física”, afirma Silvia Belloni.
Ações do SINPAF nas Negociações Trabalhistas
O SINPAF tem atuado nas negociações coletivas para garantir que questões de gênero sejam incorporadas aos acordos de trabalho. A luta pela valorização da mulher no ambiente profissional passa pela revisão da jornada de trabalho e pela busca por condições mais justas e saudáveis.
Luta Permanente pela Valorização das Mulheres
Para o SINPAF, a luta por igualdade de gênero e melhores condições de trabalho é um compromisso diário. O Dia Internacional das Mulheres não é apenas uma data de celebração, mas um momento de reflexão e reforço na mobilização por direitos. A valorização das mulheres no mercado de trabalho, a erradicação da violência de gênero e a conquista de condições mais justas seguem sendo pautas prioritárias na atuação sindical.