
Trabalhadores da Embrapa solicitam a retirada do sistema ERP/SAP
Por: Larissa Sarmento
Nesta terça-feira (18/04), o SINPAF recebeu um relatório assinado por 235 empregados da Embrapa, solicitando a retirada do sistema SAP ERP (Enterprise Resource Planning) da empresa.
O documento foi produzido por diversos trabalhadores das áreas de Orçamento e Finanças, Patrimônio e Contratos da Embrapa, incluindo supervisores. O texto aponta de forma técnica e detalhada a total inviabilidade quanto à utilização do sistema devido a inconsistências, falhas, inaplicabilidade e incompatibilidade com as atividades, rotinas e objetivos da empresa.
De acordo com o relatório, o SAP foi anunciado como uma ferramenta excepcional, que traria inúmeros benefícios para a empresa, contribuindo para melhoria da gestão e diminuição de fluxos, melhoramento de processos e retirada de sobrecarga de trabalho do quadro funcional. Porém, não foi o que mostrou o documento que aponta 32 argumentos técnicos que mostram de forma clara como o sistema tem trazido prejuízo financeiro, humano e produtivo para a empresa.
O assistente da Embrapa Pecuária Sul (Bagé/RS), Caine Garcia, foi quem tomou a iniciativa de externar e oficializar as insatisfações e angústias da maioria dos empregados que operacionalizam o sistema ERP/SAP. Para ele, que virou porta-voz do grupo, esse novo modelo de trabalho não atende às necessidades da empresa, pois ocasiona retrabalho, mais gastos e problemas no clima organizacional.
“Depois de um longo período de utilização do sistema não tivemos nenhuma melhoria na relação entre empregados e empresa, pois foi um programa implementado sem a capacitação necessária para a execução do mesmo. As pessoas estão estressadas porque não conseguem cumprir com os trabalhos nos prazos estabelecidos. Entendemos que não só os empregados, mas também a Embrapa está sendo penalizada com a sua manutenção. Estamos entregando este documento para que o sindicato possa ter uma real noção do que está acontecendo e possa intervir a favor dos empregados”, afirma.
Para a analista Anna Carolina do Vale, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília/ DF), que trabalha na parte de pagamentos da empresa, o sistema não funciona direito e gera bastante retrabalho, o que tem adoecido muitos empregados que precisam lidar com ele no dia a dia.
“Estamos com trabalho triplicado. Antes era apenas um processo, mas com a nova ferramenta agora temos três etapas, pois tudo tem que ser feito no ERP e checado se foi para o sistema do governo federal. Além disso, caso não tenha ido automaticamente, o que acontece bastante, precisamos incluir diretamente. Caso algo não tenha ido conforme esperado, refaz aquela etapa. Um sistema que não otimiza a execução do trabalho e que não é funcional para a empresa, pois faz com que a gente perca tempo, pois poderíamos estar realizando tarefas mais produtivas”, relata.
Segundo o Diretor suplente Regional Sudeste do SINPAF e analista da Embrapa Territorial (Campinas/SP), Devanir Sebastião dos Santos, a contratação do novo sistema foi equivocada do ponto de vista operacional, pois a empresa que fornece o programa exige que sejam feitas outras customizações para que ele funcione, além disso para resolver os erros é necessário abrir chamados e cada um deles custa mais dinheiro para a Embrapa.
“Vemos dinheiro público sendo jogado no ralo sem necessidade. Pelas caraterísticas da Embrapa, ela não precisa desse sistema, já que tem os do governo fornecidos gratuitamente. Para além da questão financeira, tem a questão da saúde dos empregados, que acabam trabalhando por mais horas para tentar resolver os problemas do ERP/SAP. Precisamos acabar com esse sofrimento exigindo a suspensão imediata da obrigatoriedade de utilização deste sistema”, argumenta.
De acordo com o presidente do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, é urgente que a Embrapa tome uma atitude para extinguir o contrato do ERP/SAP pois sua utilização não traz benefícios para empresa, gera retrabalho e coloca em risco a saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras, além de acarretar em mais gastos.
“A integridade das informações da Embrapa corre risco, pois o sistema não é confiável, além de atrapalhar a eficiência da empresa”, completa.
O relatório será entregue também, por meio do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), para a nova diretoria executiva da Embrapa, que deve assumir em breve.