SINPAF repudia a gestão desumana e cínica da Embrapa
Por: Camila Bordinha
Por meio de uma carta desrespeitosa e desumana, a Gestão Moretti anunciou publicamente a extinção do contrato dos trabalhadores e trabalhadoras com idade acima de 75 anos.
Este ato coroa o fim do mandato de uma gestão autoritária, pouco transparente, indiferente às pessoas, ao clima organizacional e à perda do conhecimento.
A carta divulgada pela empresa é por si só uma pérola do sofisma clássico: utiliza um argumento – no caso, o jurídico, para produzir a ilusão da verdade, e, embora simulando um acordo com as regras da lógica, é, na realidade, uma alegação inconsistente e deliberadamente enganosa, inclusive porque ainda há espaço para a discussão da legalidade da abrupta decisão.
Autointitulando-se gestores públicos, os diretores-executivos alegam que têm que seguir as orientações do CONSAD e extinguir os contratos. Dessa forma, está implícito o argumento que foi um terceiro que deu a ordem. Não, não foi. A responsabilidade é cristalina. O ato é político. E a narrativa há meses divulgada na imprensa é que se conseguiria com isso uma economia de milhões de reais.
Se dependesse da Gestão Moretti a extinção dos contratos aconteceria. Pela inoperância, inércia e covardia de uma gestão que não tem compromisso com uma Embrapa Pública, Democrática e Inclusiva. Que não tem compromisso com as pessoas. Que só atua para se proteger e se promover. Que não se movimenta para conseguir recursos para a empresa. Que usa a seara jurídica para promover desmandos e injustiças.
Reconhecer em documento público que estão dispensando “empregados” atuando em “plena excelência profissional”, com “projetos estratégicos em execução” é a prova cabal da incompetência e da falta de planejamento. Ora, se há o reconhecimento que tais trabalhadores e trabalhadoras são produtivos, que desenvolvem ações estratégicas para o sucesso da Embrapa, que a empresa está deficitária em seu quadro técnico-administrativo, que a saída dos mesmos trará muitos impactos negativos, por que os gestores não tomaram medidas efetivas para conduzir esse processo de forma humana e respeitosa com aqueles que dedicaram à empresa muito tempo e história? Ao contrário, ficaram inertes esperando a liminar do SINPAF cair para por em campo a política da terra arrasada. Contrariamente, o SINPAF foi diligente. Persistiu na sua tese e ontem à noite conseguiu que a justiça determinasse à empresa que ela espere o julgamento do mérito da ação, antes de sair disseminando uma política terrorista e desumana.
Para cada um dos quatro diretores hoje atuando na Embrapa, direcionamos aqui essa carta de repúdio. Vocês estão tratando pessoas como objetos descartáveis. Vocês estão afundando essa empresa. Lembramos a vocês que cada injustiça, cada perseguição, cada maldade e cada sofrimento que essa gestão tem causado levará tempo para ser curada ou resolvida. Porém, a história, o SINPAF e os trabalhadores e trabalhadoras saberão lhes dar o devido tributo, condenando-os ao ostracismo e à lembrança de um tempo ruim que ficará no passado.