SINPAF Pelotas questiona processos de seleção e recondução da Embrapa Clima Temperado
Por: Diretoria Nacional
Mesmo com a mudança do Governo Federal e da Diretoria Executiva da Embrapa, algumas chefias alinhadas aos métodos autoritários do governo anterior ainda se mantêm nos cargos. O problema é que muitos desses mandatos ainda estão vigentes, mas vencem agora em outubro. Este é o caso da chefia da Embrapa Clima Temperado, que fica em Pelotas-RS.
Após quatro anos, nos quais a Embrapa ficou praticamente paralisada pela falta de recursos, numa asfixia provocada pela política governamental, recursos vultosos começam a ser sinalizados pelo governo do presidente Lula, com o PAC Embrapa. Mas, se as trocas dessas chefias não forem efetuadas, o destino dos investimentos e a definição dos perfis dos cargos para o concurso público anunciado pela empresa estarão nas mãos dos chefes alinhados ao governo anterior, em quase toda a estrutura da Empresa, conforme contextualizou a Diretoria da Seção Sindical.
Conforme a Seção Sindical denuncia, no último processo seletivo interno, realizado na Embrapa Clima Temperado ainda na gestão passada, tanto a escolha quanto a recondução da chefia atual foram repletas de inconformidades e sem transparência. E não há nenhuma perspectiva sobre quando e como será feita uma nova seleção para a unidade até o momento.
De acordo com a Seção Sindical, o atual chefe-geral da unidade não atendia ao requisito de experiência em gestão, ainda na primeira vez que foi selecionado. Mas mesmo assim teve sua inscrição homologada pela comissão encarregada do processo. O que levantou ainda mais suspeita sobre a legalidade do processo foi que o único membro da comissão que teria discordado do encaminhamento acabou sendo substituído.
Segundo revela o SINPAF local, outro episódio que repercutiu internamente foi o processo de recondução, que, seguindo a norma, emitiu um questionário de percepção da atuação e do desempenho da chefia para preenchimento pelos trabalhadores e trabalhadoras, que jamais souberam o resultado.
Considerando que foi negada resposta aos empregados que manifestaram interesse em saber o resultado da pesquisa, o SINPAF Pelotas elaborou um questionário nos mesmos moldes enviado pela Embrapa e submeteu aos filiados. O resultado foi a péssima avaliação da chefia pelos empregados.
Entre os danos causados pela gestão, um episódio marcante foi a retirada de plantas adultas da coleção de cultivares de oliveiras das dependências da unidade. Após grande repercussão, as oliveiras adultas foram devolvidas em condições inadequadas de sobreviver ao replantio, o que repercutiu na morte da maioria das árvores. Numa ação obscura, sequer foi realizada sindicância para apurar os fatos. Em 2022, apenas o ex-chefe de Transferência de Tecnologia, diretamente envolvido no episódio, foi exonerado.
Com tudo isso, a gestão foi desastrosa para a Unidade, tanto em relação à programação e execução de pesquisa agropecuária quanto ao clima organizacional. Referência em parcerias de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com instituições nacionais e internacionais, se não fossem os projetos aprovados na gestão anterior, que ajudaram a sustentar a unidade entre os anos de 2019 a 2023, a Embrapa Clima Temperado teria suas atividades paralisadas pela falta de recursos.
A gestão atual foi incapaz de buscar e articular recursos orçamentários. Os parcos recursos que chegaram a unidade, por meio de parcerias público-privadas, foram distribuídos entre pessoas ligadas a gestão, priorizando os interesses do “agro” em detrimento da função social da empresa. O resultado é que a unidade, que já foi a primeira no ranking interno de avaliação institucional da Embrapa, hoje ocupa as últimas posições, segundo o relato da diretoria do sindicato local.
“Para que a Embrapa Clima Temperado possa cumprir com o seu papel e retornar à normalidade de suas agendas, assim como muitas outras unidades que estão na mesma situação, e proporcionar oportunidades a todo seu quadro de trabalhadoras e trabalhadores, o que a maioria deseja é que essa triste página seja virada com máxima urgência. Afinal de contas, dado o atual contexto político e social brasileiro, o que se espera é que sejam promovidas mudanças nas unidades da Embrapa também,” afirmou o presidente nacional do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, em apoio ao pleito da Seção Sindical local.
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