22ª Plenária Nacional marca início das comemorações dos 35 anos do SINPAF
Por: Gisliene Hesse
A 22ª Plenária Nacional do SINPAF iniciou na manhã desta sexta-feira, 7/6, na Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em Brasília, com a participação de cerca de 100 pessoas, entre elas delegados das Seções Sindicais das cinco regiões do Brasil, integrantes da Diretoria Nacional do SINPAF, convidados e palestrantes. Neste ano, o evento tem um caráter especial por ser o primeiro da agenda do aniversário dos 35 anos do SINPAF.
O empregado da Embrapa Amazônia Oriental, Edgar Macedo, deu o pontapé inicial da Plenária recitando poesias sobre alguns problemas sociais enfrentados pelo Brasil como a disseminação do racismo e preconceito com o autism. Além disso, ele homenageou a Embrapa e o aniversário do SINPAF.
Abertura
No seu discurso de abertura, o presidente do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruck Vidal, registou a importância do local do evento. “A Contag foi escolhida para realizar a Plenária por representar os trabalhadores da agricultura famíliar, mas também por fazer parte da nossa história. O SINPAF começou a ser construído dentro da Contag. É muito simbólico o sindicato está completando 35 anos e fazer a Plenária neste local, destacou Marcus Vinicius.
Os integrantes da mesa de abertura da Plenária ressaltaram que depois dos desmantelamentos do estado, em especial ao ataque à democracia, que o Brasil agora está em um período de reconstrução.
A deputada Erika Kokay, do PT-DF, recordou os desmontes feitos pelo governo anterior como a ameaça à democracia e a investida para que as empresas públicas fossem privatizadas.
“O que é público é de todos e de todas. Temos que lutar para que as empresas sejam um bom lugar para se trabalhar e não para propiciar o assédio. O local de trabalho não pode ser um local de sofrimento”, afirmou Erika.
Selma Beltrão, Diretora Executiva de Pessoas, Serviços e Finanças da Embrapa, parabenizou o SINPAF pelo seu aniversário e também falou em reconstrução, mas desta vez se tratando da recomposição de uma série de questões dentro da Embrapa.
“A Embrapa começou um processo de retomada e a manutenção do cargo de assistente será priorizada. Hoje é o último dia para escolher a banca do concurso. Faremos um certame para técnicos, assistentes, analistas e pesquisadores”, garantiu Selma.
A mesa de abertura do evento contou ainda com Marcelo Fragozo, Secretário Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Secretaria-Geral da Presidência da República; Joana D’arc Souza Bezerra, presidenta da Auditoria Fiscal Nacional do SINPAF; e o José Paulo, representante da Codevasf.
Análise de Conjuntura
A primeira mesa de discussões da Plenária fez uma análise de conjuntura política e econômica. Mais uma vez a abordagem foi sobre a reconstrução que o Brasil está passando e dos desafios que têm enfrentado.
Segundo Victor Pagani, representante do Dieese Nacional, ocorreram melhoras conjunturais no Brasil, como o controle da inflação e o aumento de contratações no mercado de trabalho, mas ainda existe um clima ruim na sociedade. ´
“Ainda não se conseguiu que essas melhoras se reflitam no bem estar e temos alguns constrangimentos. Temos um Congresso Nacional mais conservador e mais forte, um Banco Central afetado por fazer a redução de juros de forma lenta e o novo arcabouço fiscal. Por isso, temos uma complexidade da conjuntura econômica”, criticou Pagani.
Ceres Hadich, representante do Movimento Sem Terra, afirmou que a reconstrução da democracia do Brasil está limitada. “Não só por causa dos dois últimos governos o do Temer e do Bolsonaro, mas também do próprio processo daquilo que temos chamado de reconstrução agravado pelas consequências do desmonte não só do ponto de vista das políticas públicas, mas também da estrutura do Estado como um todo”, disse Hadich.
Por último e não menos importante, o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, destacou a função das empresas públicas no país. “Nossas empresas públicas têm uma função fundamental no Brasil que é a nossa soberania. As empresas representadas pelo SINPAF são fundamentais para a nossa soberania alimentar e soberania da produção” completou.
Diversidade
A diversidade e inclusão também foram temas tratados no primeiro dia de debates da Plenária Nacional. Para iniciar as discussões, as Diretoras de Políticas Sociais e Cidadania do SINPAF, Franciana Volpato e Ilmarina Menezes fizeram uma homenagem ao mês dos LGBTS+ com o lançamento da bandeira que foi fixada na mesa principal do evento.
Kelly Assunção, Coordenadora de educação da APAE-DF, e Pedro Gustavo Matias, da Casa Rosa-DF, abordaram a importância da inclusão para as pessoas com deficiência e para a população LGBTs+. Os palestrantes trataram das dificuldades na empregabilidade para esses dois públicos, das preconceitos com essas parcelas da sociedade, da acessibilidade para as pessoas com deficiência, inclusive da acessibilidade atitudinal, que é àquela promovida pela própria sociedade, e dos preconceitos.
“Precisamos utilizar os temos corretos para podermos começar a falar sobre o tema. Para se construir uma sociedade mais inclusiva é necessário priorizar uma série de questões e uma delas é oportunizar que a sociedade como um todo aprenda mais sobre diferenças”, disse Kelly Assunção.
Assédio Moral e Sexual
A última mesa do dia foi coordenada pela diretora da mulher do SINPAF, Silvia Belloni, e teve como destaque a abordagem sobre os assédios moral e sexual. A Defensora Pública do Estado de Goiás, Maria Eduarda Serejo, tratou das principais consequências do assédio, entre elas o adoecimento psíquico que pode até mesmo ser físico.
Maria Eduarda chamou a atenção para o fato de as mulheres serem as principais vítimas do assédio e que o assédio sexual é um dos tipos mais comuns ocorridos nos locais de trabalho.
“A primeira coisa que um trabalhador/a que está sofrendo assédio a ser feita é se resguardar na medida do possível. Tentar articular com as pessoas ao seu redor para que aquilo seja visto. Conseguir testemunhas e, sobretudo, procurar formalizar a denúncia através dos canais à disposição”, alertou Maria Eduarda.
Documentário
Da sede da Contag, os participantes da Plenária seguiram para a sala de cinema no Casa Park onde ocorreu a apresentação do documentário dos 35 anos do SINPAF. Hoje, 8/6, as discussões da Plenária iniciaram às 8h30.