Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário
Foto: Paula Carrubba

Plenária Nacional finalizou com debate sobre a fome no Brasil e homenagem dos 35 anos do SINPAF

10 de junho de 2024
Por: Camila Bordinha

O último dia da 22ª Plenária Nacional do SINPAF terminou na tarde deste domingo (10/6). Para fechar com chave de ouro, as delegadas e os delegados fizeram um debate incrível sobre “O Papel dos Movimentos Sociais no Combate à Fome.”

Coordenado pelas diretoras de Políticas Sociais e Cidadania do SINPAF, Ilmarina Menezes e Franciana Volpato, a mesa contou com a apresentação da secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Luiza Trabuco; e do coordenador estadual do Movimento dos trabalhadores e das Trabalhadoras Sem Terra do Distrito Federal, Marco Antônio Baratto.

Luiza Trabuco explicou que a pandemia intensificou o problema da fome no país, mas que houve uma redução muito significativa em 2023.

“A gente construiu no Brasil, nas últimas décadas, a compreensão de que a fome é um problema estrutural e é a expressão máxima da negação de direitos,” afirmou a secretária de governo.

De acordo com ela, é preciso um conjunto articulado de políticas públicas, com estratégias amplas, assim como a participação da sociedade para combater, não só a fome, mas também para a produção de comida de verdade, prezando por uma alimentação saudável e adequada.

Ela também explicou sobre os três eixos trabalhados pelo Plano Brasil sem Fome do Governo Federal, que são:

1º – A ampliação de acesso à renda e cidadania, com a valorização do salário mínimo acima da inflação; ampliação do acesso à saúde com mais médicos nas áreas mais vulneráveis; o aumento da produção de alimentos saudáveis; a retomada do PAA; reajuste para alimentação escolar; retomada do bolsa verde; implantação novos programas como a cozinha solidária.

2º – Política Nacional de Abastecimento, que vai ser lançado em julho, para impulsionar a produção de comida saudável e barata, principalmente para a população mais pobre.

3º – Mobilização do combate à fome, com caravanas levando o Governo Federal para integração aos governos estaduais e municipais.

Conforme explicou o coordenador estadual do MST, Marco Barato, “há elementos estruturantes que impactam na segurança alimentar e no combate à fome, como os caminhos pelos quais o próprio sistema capitalista direciona a cadeia produtiva.”

De acordo com Barato, existem seis pontos estruturais que podem contribuir no enfrentamento da fome, que são:

1 – Fazer a Reforma Agrária, com mudança do acesso à terra, por meio do poder político e econômico, controle social e orçamento. “Quem produz comida no brasil é agricultura familiar e camponesa. Por isso, é necessário democratizar o acesso à terra, para que sejam produzidos alimentos saudáveis, diversos, sazonais e que respeitem a cultura alimentar nos territórios,” explicou Barato.

 2 – Combate ao controle produtivo – As transnacionais comandam toda a cadeia produtiva e impõem uma lógica alimentar que não respeita cultura alimentar dos territórios.

3 – Enfrentamento da lógica do tripé produtivo do latinfúndio (mecanização, agrotóxico, monocultura).

4 – Agroecologia, com a produção concreta de alimentos com base que sustente nossa cultura alimentar. “A pesquisa da Embrapa é fundamental para isso, mas sabemos que é uma categoria conservadora com fazem pesquisa voltada para agronegócio,” alertou o coordenador do MST.

5 – Acesso à tecnologia, pesquisa científica para o desenvolvimento da linha produtiva voltada à cultura camponesa e reforma agrária.

6 – Debate das políticas públicas de produção e aquisição de alimento.

Marco Barato reconheceu o SINPAF como um parceiro histórico do movimento e anunciou a reinauguração da sede do Armazém do Campo, no Setor Comercial Sul (Brasília-DF), no dia 3 de julho, que contará com o apoio do sindicato. De acordo com Barato, o local contará com a Restaurante da Terra, com comida produzida pelos alimentos oriundos dos assentamentos.

A diretora de Políticas Sociais e Cidadania, Ilmarina Menezes, afirmou que a “luta pela terra é histórica e revolucionária e não uma invenção do MST, mas que o movimento surge para mostrar a necessidade dessa democratização da terra.”

PLANO DE LUTAS

As delegadas e os delegados da Plenária Nacional aprovaram uma comissão e escolheram integrantes representantes de cada região, para a análise e complementação de um Plano de Lutas proposto pela Diretoria Nacional do SINPAF. A Comissão deverá entregar o documento em até sessenta dias.

HOMENAGEM

Ao final do evento, alguns delegados e delegadas receberam uma placa de Comemoração dos 35 anos do SINPAF, em homenagem pela participação e contribuição nas plenárias do sindicato ao longo de todo esse tempo. Todos os funcionários da sede do Sindicato também foram homenageados com a placa comemorativa.

No final da Plenária foram sorteadas 13 tartarugas marinhas e 1 jacaré de pelúcias, vestidos com mini camisetas do evento. A tartaruga foi escolhida por carregar características como estabilidade, longevidade, sabedoria, resistência, persistência e proteção.

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