Paralisação na Embrapa: trabalhadores/as pressionam a empresa e o governo por reajustes justos
Por: Gisliene Hesse
Os trabalhadores e trabalhadoras da Embrapa participam de paralisação desde o início da manhã de hoje, 06/12. Eles/as lutam por melhor índice de reajuste para o salário e para os auxílios alimentação, creche e pré-escola e para pais e mães de filhos com deficiência. Depois de nove meses de negociação, a Embrapa mantém um índice de 3,45% (que representa 90% do índice do período). Os empregados e empregadas enfrentam perdas salariais desde 2017.
A paralisação foi deliberada nesta terça-feira, 5, por meio da convocação do SINPAF Nacional de assembleias em todas as Seções Sindicais do país. Das 40 Seções Sindicais, 33 realizaram assembleias. Confira como foi no fim do texto.
A última paralisação dos empregados e empregadas da Embrapa ocorreu em junho de 2016. Desta vez, mesmo em um governo progressista, as negociações têm sido marcadas pelo impasse entre a empresa, o Ministério e a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST). A categoria se sente frustrada e não irá “descascar esse abacaxi” sozinha e quer uma solução imediata.
Para além disso, as negociações das cláusulas sociais também não foram satisfatórias. Questões cruciais como o assédio moral e sexual dentro da empresa passaram pelo crivo da Comissão da Embrapa e não foram aprovadas. Outro ponto também que pode ser citado é a questão da acessibilidade para trabalhadores e trabalhadoras com deficiência. A empresa se nega a colocar no ACT prazo para cumprir essas obrigações que estão em lei, mas até o presente momento, não são cumpridas pela Embrapa.
Adesão da categoria à Paralisação
A adesão à paralisação está sendo alta. Unidades como a de Cruz das Almas, por exemplo, está com 90% dos trabalhadores parados. Segundo o presidente do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, os trabalhadores e trabalhadoras estão insatisfeitos e boa parte cobrou da entidade uma postura em relação aos entraves na negociação.
“O SINPAF não deixou os trabalhadores na mão. Estamos fazendo o nosso máximo para destravar as negociações. Atos, mobilizações, reuniões com o governo e com a empresa. Esse dia de paralisação é mais do que justo, pois ele revela a indignação dos trabalhadores e trabalhadoras de uma das empresas que mais traz resultados para o país”, afirma Marcus Vinicius.
Para Domingo Haroldo, empregado da Embrapa Cruz das Almas, a paralisação é um ato de união. “Temos que nos unir pelo que é de direito. Não conseguimos nem a inflação do período e estamos com perdas enormes, mais de 16%. Brasília precisa entender que estamos unidos e dispostos. Precisamos parar porque perdemos muito nos últimos anos, não só nos salários. Mas temos que lutar para que o governo entenda que o nosso orçamento precisa aumentar”, afirmou em assembleia na manhã de hoje.
Elanderson Soares Lima, diretor suplente administrativo/financeiro do SINPAF e presidente da Seção Sindical Pará, reafirma que o abacaxi não pode ficar com a categoria. “Os trabalhadores e trabalhadoras querem que a Embrapa e o Governo descasquem o abacaxi, concluiu. Veja o vídeo aqui.
Ações do SINPAF
Desde a semana uma série de mobilizações ocorreram para pressionar a empresa e o governo em busca de soluções. Na segunda-feira passada, 27/11, ocorreu uma mobilização com a presença de representantes sindicais e trabalhadores e trabalhadoras de todas as Seções do Brasil. Na terça-feira, 28/11, foi a vez das Seções Sindicais realizarem atos nas unidades da Embrapa. Confira mais aqui
Na quarta-feira, 29/11, a mesa de negociação realizada entre as partes não trouxe novidades. Neste dia, foi feita a indicação de paralisação das bases. Veja a matéria completa aqui.