SINPAF repudia assédio e homofobia praticados contra pesquisador da Embrapa Algodão
Por: Gisliene Hesse
A Diretoria Nacional do SINPAF vem, por meio desta nota, manifestar repúdio a qualquer forma de assédio, homofobia e omissão praticados por empregados e pela chefia da Embrapa Algodão, em Campina Grande, PB, contra o pesquisador Cherre Sade Bezerra da Silva.
Cherre Bezerra trabalha como pesquisador da Embrapa desde 2018. Com um currículo notável, o empregado possui doutorado pela USP e atua em pesquisas no laboratório de Entomologia, além de ser presidente nacional da Comissão Permanente de Prevenção e Combate ao Assédio Moral (CPPCAM) na Embrapa
Nesta sexta-feira, 19/01, Cherre tornou público o que tem passado no ambiente de trabalho por meio de um post no instagram. Segundo relatos do pesquisador, os casos de assedio moral e homofobia contra ele na empresa não são recentes, mas se intensificaram, principalmente, nos seis meses do ano passado.
As denúncias foram registradas por Cherre na Ouvidoria da Embrapa, no Ministério Público do Trabalho (MPT) e na Polícia Civil.
Entenda o caso
Neste 19 de janeiro, o pesquisador tornou público na sua rede social o áudio, do mês de outubro de 2023, de um assistente do Setor de Infraestrutura e Logística (SIL).
Conforme relatado em sua rede, o colega de trabalho pronunciou frases de ódio à Cherre que denotam homofobia.
Na legenda do post, o pesquisador diz estar abalado emocionalmente e se sente perseguido no ambiente de trabalho. Os relatos e as denúncias também foram parar nos veículos de comunicação da região. Confira a matéria publicada no G1 de PB
Cherre disse ainda que recentemente que soube que um dos agressores ofereceu 300 reais numa roda de homens para que alguém o estuprasse (confira o relato completo na legenda do post aqui).
Para além da denúncia de homofobia, o pesquisador também relatou a conivência da chefia da unidade com os colegas de trabalho. Ao questionar uma atitude da gestão da unidade, a resposta não foi a esperada.
Cherre relata na sua denúncia que a chefia justificou a não punição por se tratar de dois pais de família que não podem correr o risco de perder o emprego. Veja o trecho completo da legenda do instagram escrita pelo pesquisador abaixo:
“Ao pedir ações da Chefia da Embrapa Algodão, o supervisor do agressor deu risada da agressão, o chefe acima dele alegou não saber o que fazer, e a Chefe Geral (acima de todos os chefes) disse que nada iria fazer pois os agressores “tratam-se de dois pais de família que não podem correr o risco de perder o emprego”.
Segundo as denúncias do pesquisador, o caso além de envolver homofobia, envolve irresponsabilidade profissional dos colegas, mas também omissão da chefia da Embrapa Algodão em tomar atitudes. Por isso, a vítima afirma que fará mais uma denúncia de negligência que envolve os nomes de quatro integrantes da chefia da Embrapa Algodão.
Confira matéria do G1 sobre o assunto
Posicionamento do SINPAF
É lamentável que uma empresa como a Embrapa, que se tornou referência nacional e internacional, tenha normalizado práticas que não condizem com um ambiente de trabalho saudável para o seu quadro de trabalhadores e trabalhadoras.
A empresa insiste em manchar sua imagem com casos de assédio moral, perseguição, machismo, homofobia, entre outras irregularidades.
No ano passado, o SINPAF denunciou repetidas práticas de assédio moral e perseguição dentro de algumas unidades como é o caso da Cenargen, em Brasília, e de Sete Lagoas, MG. À época, para além de tornar público esses casos, o SINPAF cobrou providências da empresa.
No entanto, a Embrapa não tem demonstrado abertura para investir em ações para combater a violência contra os trabalhadores e trabalhadoras dentro da instituição.
Em relação à CPPCAM, comissão que foi instituída para tratar de casos de assédio internamente, a Embrapa não tem propiciado a devida estrutura para que o órgão possa realizar seu trabalho.
A DN do SINPAF exige que a Diretoria Executiva da empresa dê celeridade na apuração das denúncias feitas desde outubro do ano passado e puna devidamente os envolvidos.
O SINPAF se solidariza com o pesquisador Cherre Bezerra, da Embrapa Algodão, que tem sofrido com a homofobia, o assédio e a negligência no ambiente de trabalho e espera que a Diretoria Executiva da empresa seja célere em tomar as providências cabíveis em relação ao caso.
O SINPAF continuará fazendo o seu papel de defensor dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e lutando contra qualquer tipo de violência e/ou assédio praticado contra o corpo de empregados e empregadas da Embrapa.
Diretoria Nacional do SINPAF