Gestão Moretti vai tarde. Mas, enfim, sai de cena
Por: Camila Bordinha
O dia 1º de maio não poderia ter tido um significado melhor para os trabalhadores e as trabalhadoras da Embrapa, pois, oficialmente, a Gestão Moretti saiu de cena. Com isso, o SINPAF espera que todo o legado antissindical, antitrabalhador e anticiência, que vinha carregando do governo anterior, tenha partido junto.
Foram quatro anos de uma gestão impopular, que buscou a todo custo enfraquecer a pesquisa agropecuária pública, para entregá-la nas mãos das grandes corporações multinacionais do setor, enfraquecendo a democracia e a pluralidade dos seus estudos. Para isso, por meio do Transforma Embrapa, tentou promover a privatização dos resultados das pesquisas para quem pudesse pagar, deixando o pequeno produtor e a agricultura familiar de lado.
Uma gestão que, ao invés de fortalecer o orçamento público da Embrapa, buscou soluções neoliberais e corporativistas para alcançar os seus objetivos meramente capitalistas, em detrimento do seu papel social que é garantir a soberania e a segurança alimentar nacionais.
Para isso, começou a perseguir os seus trabalhadores e trabalhadoras, promovendo ações contra o sindicato e a todos e todas que se opunham a esse formato de gestão neoliberal que tentavam implantar. A primeira ação foi tentar retirar a liberação de dirigentes sindicais, assim como expulsar as Seções Sindicais de todas as suas dependências, de forma a afastar o sindicato do diálogo com os empregados e dificultar a sua assistência social e jurídica contra todo assédio moral promovido nesses anos.
E o que falar sobre o desrespeito aos aposentados? A gestão Moretti iniciou a demissão de trabalhadores e trabalhadoras acima dos 75 anos, que são comprometidos com a pesquisa pública e não com os patrões, além de obrigar de forma constrangedora a inclusão de todos os rendimentos ao abate-teto desses trabalhadores, que contribuem há décadas para a previdência e para o serviço público.
Inúmeros foram os casos de tentativa de demissão de dirigentes sindicais e outros militantes sem justificativas. A redução do quadro de pessoal tomou conta da empresa, com programas de demissões sem reposição de pessoal ou concurso público, a busca da extinção de atividades dos assistentes no Plano de Cargos da Embrapa (PCE), com a terceirização de funções essenciais.
Com apoio do Conselho de Administração da Embrapa (Consad), a Gestão Moretti também sucateou as unidades, assim como gastou quantias milionárias com o ineficiente sistema administrativo ERP/SAP, que só contribuiu para mais carga de trabalho e prejuízos aos trabalhadores e trabalhadoras.
Sem contar com a degradação dos salários, do auxílio alimentação e a ameaça ao plano de saúde, entre outros que ainda seguem seu curso.
O SINPAF aproveita para dar as boas-vindas à nova diretoria, que tem a pesquisadora Silvia Massruhá como nova presidenta da Embrapa, com votos de uma boa gestão, mais democrática e aberta ao diálogo com seus trabalhadores e trabalhadoras.
A esperança de novos tempos, enfim, chegou na Embrapa e o SINPAF continuará na luta em busca de uma de uma Embrapa realmente Publica, Democrática e Inclusiva. E de condições de trabalho mais dignas.