Debates importantes abrem a 30ª Plenária Regional Nordeste do SINPAF em Aracaju
Por: Camila Bordinha
Texto: Iracema Corso / Edição: Camila Bordinha / Foto: Raphael Borges
Foi num clima de esperança para a reconstrução do Brasil e com debates estratégicos para o fortalecimento das empresas públicas Embrapa, Codevasf e Emepa (Empaer) e Emparn, que teve início a 30ª Plenária Regional Nordeste do SINPAF neste sábado, dia 6 de maio, em Aracaju-SE. Cerca de 80 pessoas, das quais 72 delegados de todos os estados nordestinos, diretoria nacional e convidados, lotaram o espaço para o início dos trabalhos.
Com a condução do diretor regional Nordeste do SINPAF, Orlando Silva, a mesa de abertura foi composta pelo presidente nacional do Sindicato, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal e pela secretária geral, Dione Melo; além dos presidentes de Seções Sindicais: Arnaldo Rodrigues (Embrapa Aracaju); Jorge Vidal (Codevasf Aracaju); Edivaldo Galdino (Emepa); Vera Lúcia Tafetá (Montes Claros). O ex-presidente do SINPAF Nacional e Chefe de Gabinete da Liderança do PT no Senado, Wilmar Lacerda também contribuiu para a abertura das atividades.
A abertura da plenária também contou com a presença de Jefferson Lima, presidente do PT em Aracaju, e com a presença da vereadora de Aracaju e membro da Direção Nacional da CUT, a professora Ângela Melo (PT).
O companheiro Arnaldo Rodrigues agradeceu emocionado o apoio do SINPAF, da CUT e de todos os companheiros que se somaram na luta contra a atitude antissindical da Embrapa de perseguição, com tentativa de sua demissão.
No período da manhã também aconteceu a Análise de Conjuntura construída pelo presidente nacional do SINPAF Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, Wilmar Lacerda e Fernanda Souza, diretora de Ciência e Tecnologia do SINPAF Nacional.
Wilmar Lacerda fez uma retrospectiva dos acontecimentos políticos que afetaram a vida de trabalhadores do Brasil: começando com a injustiça contra Dilma, a mentira das pedaladas fiscais; a mentira do triplex para incriminar Lula e inviabilizar sua candidatura; a mentira do perigo do comunismo no Brasil; o desrespeito à pluralidade religiosa do brasileiro; e por fim a sabotagem contra a ciência e contra as vacinas em plena pandemia da Covid-19.
“Foi muito importante derrotar este projeto e hoje o Brasil é um país que vai dar certo”, comentou Wilmar Lacerda. Ele também comentou a conquista do acordo coletivo da Embrapa e da Codevasf.
Para Lacerda, toda a prática de assédio moral na Embrapa, Codevasf e Emepa precisa ser duramente combatida. E segundo Lacerda, as angústias da terceirização estão com os dias contados.
“Vivemos em um novo governo e todas as pessoas que praticaram assédio moral serão punidas e estamos lutando para que todas as pessoas que foram demitidas sem justa causa durante o governo Bolsonaro sejam readmitidas”, afirmou Lacerda.
O presidente nacional do SINPAF Marcus Vinicius Sidoruk Vidal fez um resgate de todo o retrocesso que a categoria enfrentou durante o governo Bolsonaro.
“É um governo que acabou com o Ministério do Trabalho, nem a ditadura militar fez isso. Tivemos a exclusão dos povos originários, a falta de combate à fome; o Ministério da Saúde promovia a morte; o Ministério do Meio Ambiente promovia o desmatamento; o Ministério da Educação promoveu perseguição política e religiosa. Vimos o desmonte das políticas públicas; o desmonte e sucateamento das empresas públicas; a venda da Petrobrás; sucateamento da Embrapa e mau uso político da Codevasf; negação de verba para a pesquisa, perseguição e até assédio sexual”, listou Marcus Vinicius.
O presidente nacional do SINPAF ressaltou que o sindicato está com uma campanha ‘Terceirização, Não. Concurso Público Já!’ e garantiu que, assim que as novas diretorias da Embrapa e da Codevasf estiverem compostas, o sindicato fará reunião para cobrar essa pauta.
Fernanda Souza afirmou que o momento é de reconstrução da democracia, retomada de direitos, esperança. “O 1º ato que devemos focar neste momento é o combate à fome. E a gente quer combater a fome com comida de verdade. O que a Embrapa fez para tratar da fome no Brasil?”, questionou a dirigente sindical. Fernanda Souza também afirmou que o agronegócio disputa a empresa. “O movimento social precisa aprender a disputar a Embrapa”, completou.
Debate sobre os Conselhos de Administração da Embrapa e da Codevasf
No turno da tarde, o primeiro debate foi sobre o tema ‘Desafios nas Relações de Trabalho (Transforma Embrapa, PCE/ Embrapa, PSC/Codevasf)’, com os representantes dos trabalhadores no Consad/Embrapa, Selma Beltrão e no Consad/Codevasf, Carlos Hermínio de Aguiar.
Selma Beltrão fez uma retrospectiva dos quatro anos de gestão do governo federal, destacou as limitações dos representantes dos trabalhadores e das trabalhadoras nos Conselhos de Administração estipulados por lei. Ela explicou que existem 8 vagas para o conselho e, atualmente, apenas 7 vagas estão sendo ocupadas. Ela também declarou que guarda boas expectativas para este governo que agora se inicia.
“Neste momento estou bastante honrada porque fui convidada pelo ministro da Agricultura para assumir a diretoria da Embrapa; a Ana Euler deve assumir a Diretoria de Negócios e Sílvia, a presidente, é uma pessoa bastante aberta ao diálogo e está comprometida com todas as organizações que contribuem para a ciência e a pesquisa agropecuária”, declarou Selma Beltrão.
Carlos Hermínio fez uma homenagem para o ex-presidente da Codevasf, Erasmo José de Almeida, que faleceu na manhã deste sábado (6/5). “Isso me causou enorme tristeza porque ele foi o engenheiro que construiu todas as obras da Codevasf”.
Carlos criticou a atual composição do conselho da Codevasf, destacando que apenas houve uma mudança referente à formação do governo passado.
“Quase todos os membros são da gestão passada e todas as pautas dos trabalhadores estão sendo derrotadas e vão continuar sendo derrotadas. Como vai haver mudança desta forma? Precisamos aumentar a representatividade dos trabalhadores no Consad e suprimir o conflito de interesses que afasta a participação dos representantes do debate e poder de decisão referente a assuntos relacionados aos trabalhadores”, afirmou Carlos.
Segundo Selma Beltrão, a mudança referente ao funcionamento do Consad Embrapa é um debate que precisa ser feito junto ao Congresso Nacional, para pensar na mudança e no modelo de escolha das chefias. Ela defendeu que é preciso avançar para que haja um processo mais transparente, mais aberto e com mais controle social.
Terceirização, Assédio Moral e Saúde do Trabalhador
A mesa de debates seguinte tratou do tema ‘Desafios nas relações de trabalho (Terceirização, Assédio Moral, Saúde do Trabalhador, Casembrapa)’, tendo como palestrantes: Pedro de Souza Melo, Diretor de Saúde do Trabalhador do SINPAF Nacional; Júlio Bica, vice-presidente do SINPAF; Paulo José da Silva, diretor da Seção Sindical Petrolina; Felipe Pilger, representante dos trabalhadores na Casembrapa; e Lucas da Conceição de Freitas, representante dos trabalhadores no Casec/Codevasf.
Júlio Bicca falou sobre a vitória na luta contra a terceirização da Embrapa. “A gente sabe que também tem os companheiros da Codevasf que estão terceirizados. Precisamos fazer uma luta junto a outras empresas para acabar com a terceirização, que é a precarização, tem que acabar. Não pode ser aceitar de forma alguma. Não tem que ter esse discurso que estamos inviabilizando a pesquisa”, declarou.
Pedro de Souza Melo, Diretor de Saúde do Trabalhador, abordou as doenças psicológicas, depressão entre outras decorrentes de muita pressão e assédio moral. Segundo dados apresentados por Pedro Melo, as mulheres são mais vulneráveis aos transtornos mentais e representam 66% das trabalhadoras adoecidas enquanto 33% dos adoecidos são homens.
Felipe Pilger, representante dos trabalhadores na Casembrapa, trouxe informes sobre a reforma do estatuto do plano e destacou que ainda tem questões pendentes na Justiça. “Espero que agora a gente consiga concretizar a reforma no estatuto que a Casemprapa precisa e não aquela que o governo anterior queria concretizar”.
Lucas da Conceição de Freitas, representante dos trabalhadores no CASEC, afirmou que na Codevasf a área fim é a que mais vem sendo terceirizada. “A Codevasf se transformou no maior programa de transferência de renda pública para as empresas privadas. A gente tem que ter consciência de que nosso cenário não é bom não. Não nos enganemos, não temos nenhum contexto favorável aos trabalhadores da Codevasf.”
“A Casec está muito bem. O problema é a Codevasf que adoece os trabalhadores”, afirmou Lucas.