Contradição: com concurso à vista, terceirização na Embrapa está mais perto de se consolidar
Por: Camila Bordinha
Nesta semana, a imprensa brasileira voltou a anunciar a proximidade da realização do concurso público da Embrapa, que tem previsão de lançamento de edital para maio. Seria um momento de grande comemoração do SINPAF, já que esta é uma reivindicação antiga do sindicato, para a recomposição do quadro de pessoal, que foi reduzido a ponto de interferir na produção da pesquisa agropecuária.
O problema é que o certame, caso seja realizado da forma como está, vai consolidar a terceirização e a precarização do trabalho na empresa. Isso porque as atribuições dos assistentes foram modificadas pela empresa e ratificadas pelo Conselho de Administração da Embrapa (Consad). Com as funções de campo dos assistentes extintas, quem fará esse papel?
Muito já se foi falado pelo sindicato a respeito da importância que têm o trabalhador e a trabalhadora de campo da Embrapa para a segurança dos resultados e das informações geradas pelas pesquisas. São eles e elas que cuidam desde a escolha das sementes, o cuidado com o solo, o plantio, o acompanhamento do desenvolvimento das plantas, o recolhimento de dados do processo, até a colheita, manipulação, moagem, armazenamento etc.
Essas inúmeras atribuições ficarão vagas para que trabalhadores terceirizados sejam alocados. E o que acontece com essa modalidade de serviço todos já sabem, precarização dos salários, do trabalho, falta de segurança, alta rotatividade de pessoal, sem contar na confidencialidade e segurança da informação dos resultados gerados pela pesquisa.
Essa situação não condiz com o viés político do Governo Federal, que nomeou a atual Diretoria Executiva da Embrapa. Assim como também não possui a aprovação do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Fávaro, que já afirmou ser contra a terceirização na pesquisa agropecuária em diversas ocasiões, sendo a mais recente na solenidade de 51 anos da Embrapa na última semana.
O SINPAF já conversou com o Presidente Lula, para o qual entregou em mãos uma carta de reivindicação contra a Terceirização na Embrapa, na última semana, e com a diretoria da empresa por diversas vezes.
Mas, até o momento, a Diretoria Executiva da empresa não deu nenhum posicionamento concreto ao SINPAF a respeito da terceirização, que será consolidada se o concurso público for realizado com as mudanças nas atribuições dos assistentes.
Se os trabalhadores que fazem a Embrapa e o governo que comanda a empresa não querem a terceirização, a serviço de quem está a direção? A quem interessa precarizar a pesquisa agropecuária brasileira?