Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário

Conselho de Administração da Embrapa (Consad) faz processo de aprovação de nova diretoria sem transparência

17 de maio de 2023
Por: Larissa Sarmento

O Conselho de Administração da Embrapa (Consad) tem dificultado a aprovação da nova diretoria-executiva da empresa. 

Dos quatro indicados pelo atual governo, apenas uma diretora foi aceita até o momento: a pesquisadora Ana Margarida Castro Euler para assumir a Diretoria de Negócios. Os outros três ainda estão passando por processo de seleção, que de acordo com o conselho, está seguindo o rito necessário previsto pela legislação.

Em nota publicada na segunda-feira (15/05) na página da Embrapa, o Consad afirma que “toda essa verificação protege as instituições de ingerências e de indicações de pessoas não qualificadas”. Essa afirmação se assemelha com textos anônimos que vêm circulando pelos grupos de Whatsapp de empregados da Embrapa, bem como pelos e-mails institucionais. 

Tais textos fazem um esforço para desqualificar todos os indicados à nova diretoria. O que mais assusta nesse processo é o fato de não só estarem circulando textos anônimos sem relevância institucional ou jurídica, mas de que esse assunto foi pauta no plenário da Câmara dos Deputados no dia 12 de maio.

Na ocasião, a Deputada Federal Adriana Ventura (Partido NOVO) fez um discurso dizendo que recebeu denúncias de que o Conselho estaria sendo coagido e ameaçado a aceitar esses diretores, que segundo a deputada, foram reprovados por falta de capacitação técnica. 

Porém, a ata da suposta reprovação dos diretores não foi divulgada. O que se sabe nos bastidores é que o conselho quer refazer a sabatina com os três candidatos, que ainda concorrem às vagas. No dia 24 de abril eles apresentaram os planos de trabalho, mas não foram divulgados os motivos pelos quais os mesmos terão que reapresentar as propostas para os conselheiros. 

Ao que tudo indica, informações privilegiadas vazaram do Consad para funcionários apoiadores da gestão anterior, ligada ao governo bolsonarista. Esses trabalhadores da empresa demonstram aversão aos novos indicados, por pura questão política-ideológica, uma vez que a capacidade técnica de todos já foi comprovada.

Os indicados: Clenio Nailto Pillon para diretoria de de Pesquisa e Inovação, Selma Lúcia Beltrão para diretoria de Pessoas, Serviços e Finanças, Alderi Emídio de Araújo para diretoria de Governança e gestão são servidores do quadro de funcionários da empresa e cumprem os requisitos previstos na Lei das Estatais. 

Os nomes têm sido criticados por grupos da própria empresa que têm buscado mobilizar porta-vozes do agronegócio para endossar esse discurso de desqualificação. Incluindo a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), que publicou uma nota no dia 11 de maio afirmando que nesse processo de escolha da nova diretoria há uma tentativa de aparelhamento da Embrapa com o governo atual que pretende nomear “gestores sem um mínimo de aptidão ou capacidade técnica” e que essa atitude, se confirmada vai  “provocar um esvaziamento e desmotivação da grande maioria dos brilhantes colaboradores e pesquisadores da empresa”. 

De acordo com presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF), Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, o atual governo está demorando muito para nomear o novo Consad, o que gera essa série de interferências na aprovação da nova diretoria da Embrapa, pois os conselheiros que estão atualmente ocupando as cadeiras foram nomeados pela gestão anterior, o que por si só gera um ruído. “O Consad parece estar agindo com motivações político-ideológicas, e não seguindo uma análise de capacidade técnica dos indicados. É possível que a fonte dos vazamentos de informações seja de dentro do próprio conselho. O SINPAF defende um processo democrático, transparente e alinhado com as diretrizes estratégicas do novo governo do presidente Lula”, enfatiza.

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