Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário
arte autismo. Com 5 fotos. O meio é com a imagem da nossa campanha. Em azul. Está escrito Mês do Autismo.

O Transtorno do Espectro Autista: Tudo que você precisa saber!

11 de abril de 2024
Por: Gisliene Hesse

O SINPAF se une a mais uma campanha de conscientização. Desta vez, a entidade chama a atenção para o Autismo. O objetivo do sindicato é divulgar informações precisas sobre o tema com o intuito de informar e de ajudar a reduzir o preconceito que cerca as pessoas afetadas pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Nos últimos anos, os casos de autismos dispararam. Prova disso são as estatísticas divulgadas sobre os números dos Estados Unidos. Em 2000, os Estados Unidos registraram um caso de autismo a cada 150 crianças observadas. Em 2020, houve um salto gigantesco: um caso do transtorno a cada 36 crianças. As estatísticas são do órgão de saúde Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Apesar dos dados serem dos EUA, os cientistas afirmam que esses dados refletem a realidade mundial (confira abaixo o item estatísticas e entenda melhor os números do Brasil).

Mas por que os números aumentaram tanto? Não há uma resposta única para explicar por que os casos de autismo aumentaram tanto nas últimas duas décadas. No entanto, matéria especial do G1 traz algumas hipóteses levantadas por cientistas. Maior acesso da população ao diagnóstico, aumento de número de profissionais na área, aumento da conscientização dos pais, entre outros fatores, são levantados pelos especialistas (Confira a matéria completa aqui)  

Segundo o vice-presidente e diretor de saúde e meio ambiente do SINPAF, Pedro Melo, cada vez que o sindicato se une a uma iniciativa mensal ele manda um recado para toda a sociedade que está atento aos problemas que afetam os indivíduos no Brasil e no mundo.

“Abrir nosso olhar significa que sabemos das nossas responsabilidades junto ao corpo social e que estamos atentos às demandas da sociedade. No caso do TEA ainda existem muitas dúvidas em relação ao transtorno e também muitos preconceitos. Além de sabermos que o diagnóstico é complexo e que uma boa parcela da sociedade não tem acesso ao diagnóstico e ao tratamento”, destaca Pedro Melo.

Sérgio Cobel, diretor suplente de Saúde e Meio Ambiente do SINPAF, chama a atenção para o papel do SINPAF de monitorar as empresas para saber se elas estão ou não preparadas para receber empregados e empregadas com TEA e para preparar àqueles trabalhadores e trabalhadoras que não tenham deficiência  para saber lidar com os colegas de trabalhos que está no Espectro.

“Nossa função é essencial. Para além de preparar as equipes, também estamos de olho na acessibilidade no local de trabalho, bem como atentos aos auxílios para os pais e mães de filhos com deficiência, prova disso foram as conquistas do ano passado nas negociações dos ACTs da Embrapa e da Codevasf”, complementou Cobel.  

Este mês, o Dia 02 de Abril marca o Dia da Conscientização do Autismo. Vem ver o Vídeo

Depoimento da trabalhadora da Embrapa que está no TEA e tem um filho com TEA

As razões pelas quais o autismo é um espectro

Os estudiosos da área explicam que o transtorno se manifesta de formas múltiplas e que cada autista é único por apresentar o autismo a sua maneira. As pessoas ainda acreditam, por exemplo, que todos os autistas são bons em contas. E na realidade, cada uma tem sua especificidade. 

A psiquiatra inglesa Lorna Wing, mãe de uma garota autista mudou a forma de compreender o autismo como espectro. Na década de 1970, a médica concluiu

que o autismo se apresentava com uma flexibilidade e uma variabilidade até então jamais imaginada e se manifestava em infinitas intensidades.

“Após o estudo, Wing revisou seu manual, que se chamava Autistic Children (Crianças Autistas) e passou a chamá-lo de The Autistic Espectrum (O Espectro Autista).

‘Na vasta comunidade ligada ao autismo, o título desse livro, mais que qualquer outra coisa, tornou a expressão conhecida’, contam os autores do livro ‘Outra Sintonia – A História do Autismo’. Wing contava com o apoio de uma forte comunidade formada por mães e pais de autistas que ajudaram a popularizar o conceito de espectro.

É justamente por causa do conceito de espectro que uma frase insistentemente ouvida por mães, pais e autistas não faz o menor sentido. Agora que você entende o conceito, evite dizer que alguém “nem parece autista.”

É justamente por causa do conceito de espectro que uma frase insistentemente ouvida por mães, pais e autistas não faz o menor sentido. Agora que você entende o conceito, evite dizer que alguém “nem parece autista”.

Período escrito por Clarice Sá, Teia.Work – Fonte: Autismo Realidade

menino abaixado. Ele tem os cabelos lisos e franja.

O que é TEA?

O TEA é um transtorno neurológico caracterizado por um conjunto de alterações do comportamento social, comunicação e linguagem que variam em grau e gravidade. Na maioria dos casos, os transtornos se manifestam nos primeiros 5 anos de vida e persistem na adolescência e idade adulta.

O autismo afeta o processamento de informações, alterando a forma como as células nervosas e suas sinapses se conectam e se organizam.

Embora algumas pessoas com TEA possam viver de forma independente, nos casos mais severos, elas precisam de atenção e apoio constante ao longo de suas vidas.

Fonte: Associação Brasileira de Autismo, Comportamento e Intervenção

Entenda melhor vendo o vídeo

Estatísticas

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o autismo afeta uma em cada 100 crianças em todo o mundo. No Brasil, não existe um levantamento oficial sobre a quantidade de pessoas com TEA.

As estimativas mais recentes apontam que existem 2 milhões de pessoas com autismo no país. Este número deve ser atualizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que incluiu, de forma inédita, o autismo em suas estatísticas. Os dados deverão ser divulgados ainda este ano. 

No entanto, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) afirma que exite, nos EUA, um caso do TEA a cada 36 crianças. Além disso, conforme relatado antes, cientistas concordam que esses dados são realidade em todo o mundo.

Estudo: Retratos do Autismo no Brasil 2023

Em 2023, o estudo “Retratos do Autismo no Brasil em 2023”, realizado em setembro do ano passado por duas startups — Genial Care, a maior healthtech da América Latina especializada no cuidado e desenvolvimento de crianças com TEA; em parceria com a Tismoo.me, primeira healthtech especializada na saúde 360º da pessoa autista —, teve como principal objetivo colher dados inéditos e relevantes sobre as pessoas autistas e suas famílias, considerando uma estimativa mais atual de 6 milhões de pessoas com TEA no Brasil (feita com base em dados do CDC que dizem que 1 em cada 36 pessoas está no espectro do autismo nos Estados Unidos). 

O levantamento contou com mais de 2.200 respondentes de todo o Brasil – cuidadores e pessoas autistas, e também autistas cuidadores – estes últimos representam 24,2% dos entrevistados dentro da amostra de autistas. A maioria das pessoas respondentes possui entre 35 e 44 anos (42%). 

Fonte das Informações: Canal Autismo

Veja mais sobre o estudo aqui

quebra cabeça com várias partes em cores diferentes no formato de meia lua.

Sinais de alerta para do TEA

O Neurosaber publicou os principais sinais de alerta para que os pais se atentem junto aos seus filhos. Os sinais podem ser detectados desde que as crianças nascem. Veja abaixo o que foi publicado pelo Neusaber:

As crianças com TEA apresentam dificuldade na comunicação não verbal, como o contato visual, na linguagem e na interação social.

Veja os sinais publicados pelo Neurosaber para que você saiba se tem que buscar ajuda médica:

  • dificuldade em manter contato visual;
  • não responder ao sorriso ou outras expressões faciais dos pais;
  • não olhar para objetos para os quais os pais estão olhando ou apontando;
  • não apontar para objetos ou situações para fazer os pais olharem para eles;
  • menos probabilidade de trazer objetos de interesse pessoal para mostrar aos pais;
  • dificuldade em perceber o que os outros estão pensando ou sentindo através das expressões faciais;
  • menos probabilidade de mostrar preocupação (empatia) pelos outros;
  • dificuldade em fazer e manter amigos.

Em relação à comunicação:

  • menos probabilidade de apontar coisas para indicar necessidades ou para compartilhar com outras pessoas;
  • não diz nenhuma palavra aos 15 meses ou frases aos 24 meses;
  • repete exatamente o que os outros dizem sem entender o significado;
  • pode não responder quando chamado pelo nome, mas responde a outros sons (como a buzina de um carro ou o miado de um gato);
  • pode referir-se a si mesmo como “você” e aos outros como “eu” e misturar pronomes;
  • pode mostrar pouco interesse em se comunicar;
  • menos probabilidade de iniciar ou continuar uma conversa;
  • menos propenso a usar brinquedos ou outros objetos para representar pessoas ou a vida real em brincadeiras de faz de conta;
  • pode ter uma boa memória mecânica, especialmente para números, letras, músicas, jingles de TV ou um tópico específico;
  • pode perder a linguagem ou outros marcos sociais, entre as idades de 15 e 24 meses.

Em relação ao comportamento:

  • balança, gira, anda na ponta dos pés por um longo tempo ou agita as mãos (chamado de “comportamento estereotipado” ou estereotipia);
  • gosta de rotinas, ordem e rituais; tem dificuldade com a mudança ou transição de uma atividade para outra;
  • pode ser obcecado por algumas atividades incomuns, fazendo-as repetidamente durante o dia;
  • brinca com partes de brinquedos em vez do brinquedo inteiro (por exemplo, girando as rodas de um caminhão de brinquedo);
  • pode não chorar se estiver com dor ou parecer ter algum medo;
  • pode ser muito sensível ou nada sensível a cheiros, sons, luzes, texturas e toque;
  • pode ter uso incomum de visão ou olhar – olha objetos de ângulos incomuns;
menino fazendo terapia jogando. Aparece as mãos dele e do terapeuta que é preto. O menino é branco.

Sinais de alerta de autismo por idade

12 meses — pode não se virar para olhar, mesmo depois que seu nome é repetido várias vezes, mas responderá a outros sons.

18 meses — pode não fazer nenhuma tentativa para compensar o atraso na fala ou limitar a fala para repetir o que ouviu na TV ou o que acabou de ouvir.

24 meses — pode levar uma garrafa para sua mãe abrir, mas não olhar para o rosto dela quando o fazem ou compartilham o prazer de brincar juntos.

Embora não haja cura para o TEA, a detecção e o tratamento precoce podem melhorar a vida das crianças e de suas famílias. Não há nenhum exame médico para diagnosticar o autismo. Por isso, os especialistas avaliam o desenvolvimento dos comportamentos e das habilidades sociais da criança.

O processo de diagnóstico envolve conversas com os pais e podem ser utilizados alguns testes para a triagem do autismo, como a escala M-Chat. 

Se você tem dúvidas se alguns comportamentos de seu filho podem ser sinais de autismo, busque ajuda com especialistas. Ninguém conhece mais a criança do que seus pais, por isso é tão importante que elas conheçam os sinais de alerta para detectar o autismo.

Uma equipe multidisciplinar pode ser necessária para realizar o processo de diagnóstico, assim como para o tratamento, em caso de confirmação do TEA.

Não espere. Agir cedo pode fazer uma grande diferença no desenvolvimento do seu filho!

Se restou alguma dúvida sobre os sinais de alerta para detectar o autismo, deixe nos comentários.

Fonte: Neurosaber

Peças de quebra-cabeça cor de rosa.

Níveis do TEA

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5ª edição), mais conhecido como DSM-5, é a última atualização desta ferramenta utilizada internacionalmente para traçar diagnósticos psiquiátricos. Esse manual divide o autismo em níveis diferentes de acordo com algumas condições do indivíduo autista. Basicamente, é separado em graus 1, 2 e 3 ou autismo leve, moderado e severo. Confira abaixo como foi publicado pelo Neurosaber:

– Grau 1 – autismo leve

Neste grau, as maiores dificuldades estão relacionadas aos déficits de comunicação, sem muitas comorbidades associadas. Por conta disso, o pequeno com autismo leve muitas vezes é rotulado como desinteressado.

– Grau 2 – autismo moderado

O autismo moderado possui aspectos mais complicados em relação ao anterior. Nesse caso, a falta da verbalização pode ser um dos problemas do indivíduo acometido e, geralmente, mais comorbidades estão associadas ao diagnóstico.

– Grau 3 – autismo severo

O grau 3, ou autismo severo, se caracteriza pelos prejuízos no neurodesenvolvimento serem mais elevados. Nesse contexto, os problemas estão presentes desde o processo de socialização até o funcionamento geral de corpo e mente. Por esse motivo, a independência da criança com autismo é mais difícil de ser conquistada no grau 3.

3 Níveis de Suporte de Acordo com a Possibilidade de Autonomia

(fonte: Autismo e Realidade)

Além das duas características básicas, comuns a todos os autistas, há uma classificação que divide o autismo em três grupos, de acordo com a gravidade do transtorno:

Nível 1: exige suporte. Em geral, eles lidam com dificuldades para manter e seguir normas sociais, possuem comportamentos inflexíveis e passam por estresse durante as fases de transição. Em conversas, o autista deste nível pode dar respostas atípicas ou não conectadas com o assunto e até parar de responder. É comum a pessoa apresentar um interesse diminuído nas interações sociais, e ter dificuldade em iniciar contatos com os outros, principalmente ao tentar fazer amizades.

Popularmente, as pessoas classificadas neste nível são chamadas de “autistas leves”, o que é criticado por parte da comunidade, por minimizar os impactos consideráveis do transtorno no dia a dia e a necessidade de acompanhamento.

Autismo pode ser diagnosticado (ou não) em conjunto com deficiência intelectual

Nível 2: exige suporte substancial. Em geral, têm um comportamento social atípico, grande interesse por tópicos específicos e passam por estresse em situações de mudança. Nesta parte do espectro, o autista já demonstra déficits marcantes na conversação, com respostas reduzidas ou consideradas atípicas. As dificuldades de linguagem são aparentes mesmo quando a pessoa tem algum suporte, e a sua iniciativa para interagir com os outros é limitada.

Nível 3: exige muito suporte. Nestes casos, eles têm dificuldades graves no seu cotidiano e déficit severo de comunicação, com uma resposta mínima a interações com outras pessoas e a iniciativa própria de conversar muito limitada. Também pode adotar comportamentos repetitivos como bater o corpo contra uma superfície ou girar e apresentar grande estresse ao ser solicitado a mudar de tarefa.

De acordo com a CID-11, a mais recente classificação médica, o autismo pode vir ou não acompanhado de deficiência intelectual e prejuízos da linguagem funcional (entenda em detalhes neste link).

Para que uma pessoa seja considerada autista, as manifestações do autismo devem estar presentes no início do período de desenvolvimento. No entanto, elas podem ser percebidas apenas no momento em que as demandas sociais excedem os limites das capacidades do autista. Os sinais de autismo também podem ser mascarados por estratégias aprendidas ao longo da vida social – o que é muito comum entre mulheres.

3 condições para o diagnóstico do Autismo [DSM-5-TR]

Falando sobre diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista – TEA existem 2 critérios que o indivíduo necessita apresentar para concluir um diagnóstico. De acordo com o manual revisado de 2022 do DSM existem 3 condições para se fechar com certeza um diagnóstico de Autismo. O Professor Lucelmo Lacerda esclarecer e explica as condições que influenciam os 2 critérios de diagnóstico. Confira o vídeo para saber mais! DSM-5

Descobri que meu filho tem autismo: por onde começar a buscar ajuda?

Fonte: Estado de S. Paulo

Uma matéria especial publicada pelo Estado de S. Paulo esclarece essa pergunta. Em primeiro lugar é importante saber que o tratamento é multidisciplinar e a intervenção precoce aumenta a qualidade de vida. Confira abaixo a matéria completa:

Muitos pais se sentem perdidos ao suspeitar que o filho possa ter sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Há milhares de informações na internet e é muito difícil saber por onde começar. Em uma estimativa conservadora, que não leva em conta as subnotificações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 1% da população mundial esteja dentro do espectro. No Brasil, esse número é de cerca de dois milhões de diagnósticos, segundo o governo. “O mundo do TEA é muito amplo e, após receber o diagnóstico, é comum que os pais passem pelo “luto do(a) filho(a) perfeito (a)”. Entram em jogo a negação do diagnóstico, tristeza, raiva, culpa. É importante fugir um pouco da internet e deixar de lado saber tudo sobre o quadro através do Google. Existe muita informação de péssima qualidade, que mais confunde do que ajuda”, ressalta o psiquiatra Jonathan Dionizio, professor da UMC.  A fonoaudióloga Daniella Sales Brom, especialista em Intervenções Precoces e diretora do Centro de Especialidades Babykids, destaca a importância da união familiar: “O pai e a mãe da criança devem conversar bastante e acolher a criança também. Porque a partir do momento que recebem o diagnóstico, começam a olhar para a criança como se ela não fosse aquela que eles idealizaram e que teria o tempo de desenvolvimento adequado para cada idade. Eles precisam de acolhimento”.

Em busca de inclusão: as nuances do espectro autista.

Em linhas gerais, o primeiro profissional de saúde que poderia ficar atento a sinais como pouco contato visual, estereotipias, ausência de comunicação ou ausência de interação social seria o pediatra, que faz um acompanhamento desde os primeiros anos de vida da criança, junto com a observação dos pais. Porém, isso nem sempre ocorre. Por vezes, professores também poderiam perceber algo diferente no comportamento de seus alunos. Mas, na primeira infância, alguns sinais podem ser avaliados como ‘coisa da idade’ ou característica de personalidade. Além disso, profissionais de educação no Brasil não recebem nenhum tipo de treinamento específico para apontar atrasos no neurodesenvolvimento. 

Inclusão de aluno autista avança no Brasil, mas ainda é desafio.

Diante de tantas questões, o que os pais podem fazer ao suspeitar que o filho tem autismo? O primeiro passo é encontrar um neuropediatra, que irá fazer uma análise clínica da criança. O médico poderá solicitar alguns exames de imagem, como ressonância do crânio e eletroencefalograma. Para além disso, uma avaliação com psicólogos especialistas em transtornos do neurodesenvolvimento é fundamental.  “O fator mais importante para uma evolução favorável de um caso de autismo é a intervenção precoce. Assim, após o diagnóstico, o psiquiatra ou neuropediatra fará o direcionamento para as terapias necessárias para cada caso específico, as quais deverão ser iniciadas o quanto antes. É importante frisar que cada criança possui suas potencialidades e dificuldades e, por conta disso, não existe um tratamento único”, explica o psiquiatra Jonathan Dionizio, professor da UMC. 

Quais tipos de tratamentos para autismo são reconhecidos e estão disponíveis para os pacientes?

 O tratamento para Transtorno do Espectro Autista é diverso e exige um acompanhamento multidisciplinar, com terapia ocupacional (TO), integração sensorial e fisioterapia, em alguns casos. “O fonoaudiólogo também é um dos profissionais essenciais no tratamento do autista não só pelo fato da comunicação social, mas por eventuais dificuldades relacionadas à alimentação, à mastigação, de motricidade orofacial e ajudar aqueles que tenham dificuldade motora de fala, como a associação com a apraxia de fala na infância”, ressalta Daniella Sales Brom.  Outras terapias complementares e importantes são: musicoterapia, natação terapêutica e a equoterapia. “Existem vários tratamentos desenvolvidos especificamente para o Transtorno do Espectro Autista. A ABA (Análise do Comportamento Aplicada) e o Método Denver são tratamentos psicoterápicos bem reconhecidos nesse campo. Essa disponibilidade e método de aplicação depende, no entanto, do local de tratamento, presença de profissionais qualificados na região, entre outros fatores”, afirma o psiquiatra Jonathan Dionizio. 

No SUS, esse tratamento é realizado nos CAPS infanto-juvenis e, na maioria das vezes, em grupos. No entanto, as unidades não garantem a aplicação de ABA ou Método Denver nas intervenções em psicoterapia comportamental. “Já no setting particular, essa abordagem pode ser aplicada tanto no consultório como em um ambiente natural, como a própria casa ou escola”, acrescenta. 

Antes de increver o filho em atendimento no CAPS da sua região, é necessário levar à criança ao posto de saúde para que o pediatra ou outro médico faça o encaminhamento do paciente.

Lei Berenice Piana (12.764/12) criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Além de estipular que quem tem TEA é considerada pessoa com deficiência, determina o direito a um diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamentos pelo Sistema Único de Saúde.

Porém, essa não é uma realidade para todos, na constatação da advogada Carla Bertin, especialista em Intervenções Precoces no Autismo: “Não é uma realidade, a gente briga pelo diagnóstico. Brigamos por profissionais qualificados, pois temos inúmeros no Brasil que não entendem muito do assunto. Muitos profissionais, por falta de conhecimento sobre o autismo, não fecham o diagnóstico e falam que é necessário mais tempo. A gente não tem acesso aos direitos com diagnóstico, imagine sem? E a gente não tem praticamente nenhuma política pública voltada para o autismo no SUS”.

Sobre o fato de os convênios de saúde apresentarem dificuldades para atender a alta demanda de pacientes, a especialista ressalta que existem poucos profissionais e razoavelmente qualificados para o atendimento. “Existe um déficit muito grande na rede particular. A questão é que, caso não tenham profissionais qualificados para atender conforme o que está no laudo médico, em juízo, a gente consegue e o plano acaba atendendo através de liminar. Mas a gente precisa judicializar o processo, que pode demorar uns três anos para ser concluído, apesar da liminar ser concedida em 45 dias. Mas os pais também têm esse gasto com advogado”, ressalta.  O filho de Carla Bertin foi diagnosticado com TEA aos três anos de idade. A advogada e o marido criaram um projeto chamado Autismo Legal, onde disponibilizam informações de qualidade sobre os Direitos dos Autistas. 

Terapeuta preto com óculos. vendo a menina branca de cabelos claros fazendo montagem de brinquedo de encaixe.

Quanto mais cedo se tem acesso a diagnóstico e tratamento, maiores as chances de desenvolvimento 

O problema desta dificuldade em encontrar profissionais especializados e estruturas dedicadas ao tratamento do transtorno é que o diagnóstico precoce do autismo é crucial. Quanto mais cedo o autismo é tratado, maior a chance de desenvolvimento da pessoa. Por isso, fizemos uma lista com serviços públicos para quem precisa de apoio.

Centro de Referência em Transtornos do Espectro Autista (CREAPP Ambulatório)

Centro de Referência em Transtornos do Espectro Autista (CREAPP Ambulatório) é um serviço de atenção diária localizado na cidade de São Paulo, que oferece assistência e inclusão escolar e social para crianças e adolescentes autistas de até 18 anos. O CREAPP faz parte do Centro de Atenção Integral em Saúde Mental (CAISM) Philippe Pinel, localizado no bairro de Pirituba, na zona oeste de São Paulo. São atendidos no local cerca de 120 crianças e jovens autistas.

Contato
(11) 3993-8235
caismpinel-cih@saude.sp.gov.br

Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA – BAHIA)

Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE -TEA) oferece assistência de saúde e pedagógica para pessoas com autismo e se propõe também a criar inovações técnicas para cuidado dos pacientes. O centro é parte da Rede de Atenção à Saúde (RAS) e da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do estado da Bahia.

Contato
(71) 3336-6147
apoiomatricial.cretea@labcmi.org.br

Há mais de 30 anos, a APAE oferece atendimento especializado em todo o Brasil


APAE Brasil

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) oferece apoio intensivo e atendimento educacional especializado ao estudante com deficiência intelectual, além de assistência social para melhoria da qualidade de vida e inclusão da pessoa com deficiência, acompanhamento de saúde e capacitação profissional. A associação nasceu em 1984, no Rio de Janeiro, e hoje está presente em mais de dois mil municípios em todo o Brasil.

Contato
(61) 3224-9922
fenapaes@apaebrasil.org.br

Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)

Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) é formado por equipes multidisciplinares que apoiam profissionais de saúde da família e das equipes de atenção básica. O serviço foi criado em 2008 para oferecer atendimento de forma integrada e cooperativa a quem utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando as possibilidades de análise e de intervenção tanto nas unidades de saúde como nas visitas domiciliares.

O NASF pode contar com assistente social, profissional de educação física, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, arte educador, nutricionista, psicólogo, terapeuta ocupacional, ginecologista/obstetra, homeopata, pediatra, veterinário, psiquiatra, geriatra, internista (clínica médica), médico do trabalho, acupunturista e profissional de saúde sanitarista. A composição de cada núcleo é definida pela gestão do município.

Para receber atendimento pelo NASF é necessário ir à Unidade Básica de Saúde (UBS) do seu bairro e marcar uma consulta médica de avaliação. Se for necessário, o caso será encaminhado aos profissionais do NASF. Quem mora na cidade de São Paulo pode pesquisar telefones e endereços das UBS mais próximas neste link: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/

Unidades do Caps oferecem em todo o Brasil tratamento integrado em saúde mental

Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são centros de atendimento de saúde mental que operam no sistema de porta aberta em todo o Brasil. Isso quer dizer que o paciente e seus responsáveis podem se dirigir diretamente ao local, sem necessidade de encaminhamento prévio. As pessoas atendidas contam com projeto terapêutico individual criado especificamente para suas necessidades. Uma equipe multidisciplinar avalia o quadro e indica o tratamento adequado para cada um.

Na cidade de São Paulo, há 93 CAPS, 31 destinados a atendimento infantojuvenil e 32 para adultos. Há também 30 unidades que atuam no tratamento de dependência em álcool e drogas. A lista completa com endereço e telefone de todos os CAPS paulistanos pode ser encontrada aqui. Na cidade do Rio de Janeiro, a lista pode ser consultada aqui. Para conferir a lista da sua cidade, entre em contato com a secretaria de Saúde do seu município. Caso a cidade não tenha CAPS, a orientação do Ministério da Saúde é buscar pela Atenção Básica.

Separamos uma lista com endereços e contatos dos CAPS ou das secretarias estaduais de Saúde de todo o Brasil, por região:

SUDESTE

São Paulo
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Espírito Santo

SUL

Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Paraná

CENTRO-OESTE

Distrito Federal
Goiás
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul

NORTE

Acre
Amapá
Amazonas
Rondônia
Roraima
Tocantins
Pará

NORDESTE

Alagoas
Bahia
Ceará
Maranhão
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Rio Grande do Norte
Sergipe

Fonte: Autismo e Realidade

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