Ato das Mulheres do SINPAF e Campanha Salarial 2023/2024 encerram Plenária Regional Nordeste
Por: Iracema Corso
Com os dizeres ‘Presidente Lula, a democracia ainda não chegou na Embrapa’, a faixa das mulheres do SINPAF fez história no ato de 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A denúncia feminina balançou o cenário político nacional e um dos resultados positivos colhidos é a indicação de uma nova diretoria da Embrapa que pela primeira vez na história será presidida por uma mulher, além de possuir outras trabalhadoras com histórico de dirigente sindical.
Mirane Costa, presidenta da seção sindical Embrapa sede, reforçou o significado desta vitória. “Estávamos devendo isso para as mulheres do nosso sindicato, a Selma que foi representante dos trabalhadores por muitas vezes, e só agora ela foi escolhida para a direção da empresa. Há avanço. Aquela primeira mulher está avançando e nos representando”.
Assim a palestra ‘Mulheres do SINPAF em Movimento’ reuniu na última mesa da 30ª Plenária Regional Nordeste as palestrantes Dione Melo, secretária geral do SINPAF Nacional, Vera Lúcia Lafetá, presidenta da seção sindical Montes Claros/Codevasf, Mirane Costa, presidente da seção sindical Embrapa Sede. O debate foi mediado por Renata Carla, da seção sindical Cocais (Maranhão).
Dione Melo explicou que o 1° de Maio, Dia Internacional da Classe Trabalhadora começou com uma onda de protestos puxado por mulheres operárias que sempre foram aquelas que recebiam a menor remuneração, como acontece até os dias atuais.
“Vivemos numa sociedade patriarcal, ainda hoje existem mulheres que sonham em estudar e ainda são relegadas às tarefas domésticas. Na ótica da sociedade patriarcal, o homem passa a ser entendido como a parte mais importante da sociedade”, explicou Dione.
A companheira explicou que mesmo quando as mulheres tinham permissão para trabalhar, eram proibidas de se sindicalizar, de ter conta bancária, de ter cartão de crédito, de votar, entre outras proibições para deixar claro que a mulher não era uma cidadã de fato.
Vera Lúcia Lafetá pediu mais companheirismo, respeito e consideração porque ainda hoje as mulheres enfrentam muitas dificuldades para atuar no sindicato e serem respeitadas no trabalho, no sindicato e em casa.
“Todos nesta plenária precisam entender que a mulher sindicalista antes de chegar aqui ela enfrentou muita disputa e assédio no ambiente de trabalho, e em casa também sofreu sobrecarga de trabalho e desgaste emocional para vir aqui cumprir esta 3° jornada de luta. Por isso não vamos aceitar desrespeito da nossa fala, não vamos aceitar assédio moral nem assédio sexual e que nenhuma violência machista seja reproduzida aqui neste sindicato”, reforçou Vera.
A diretora de Ciência e Tecnologia do SINPAF, Fernanda Souza, lembrou que o tema das tarefas domésticas merece a máxima atenção. “Para o capitalismo funcionar, as mulheres tiveram que ficar em casa. São elas que cuidam da força de trabalho para o capitalismo e de graça, sem custo nenhum para o capital. Então ter que cuidar da casa ou acionar outras mulheres para que cuidem da nossa casa e de nossos filhos é o que muitas fazemos. Mas a casa e os filhos são responsabilidade dos adultos, mulheres e homens que vivem lá”.
Aproveitando que o Estatuto do SINPAF está sendo reformulado, Mirane Costa propôs a criação da Secretaria da Mulher e a determinação de que 50% da diretoria do SINPAF deve ser formada por mulheres dirigentes sindicais, a exemplo do que já ocorre com a diretoria da Central Única dos Trabalhadores (CUT), central a qual o SINPAF é filiado.
Campanha Salarial e Conjuntura Econômica
‘ACTs Embrapa e Codevasf 2023/2024 Unificado – Estratégias de Negociação, Campanha Salarial e Eleição para CNN’ foi o tema de debate que reuniu a economista do DIEESE, Flávia Rodrigues, o presidente nacional do SINPAF Marcus Vinicius Vidal e Paulo José da Silva, diretor da seção sindical Codevasf/Petrolina, membro da Comissão Nacional de Negociação da Codevasf.
A economista Flávia Rodrigues, economista do DIESSE, Coordenadora Regional do DIEESE, trouxe a apresentação de uma análise de conjuntura focada no acordo coletivo da Embrapa. Segundo Flávia, as perdas acumuladas foram de 11,86% e 11,96%, assim o reajuste necessário para repor as perdas desde 2017 seria de 25,80% e 25,74%.
No entanto, a economista apontou a dificuldade do cenário econômico destruído como grande obstáculo para conquistar avanços.
Flávia citou as leis de 2017 que determinaram o congelamento de investimento por 20 anos, a expansão das terceirizações, além da reforma trabalhista que dilacerou as leis do trabalho permitindo contratos intermitentes. Tudo isso deteriorou o mercado de trabalho, acabou com o imposto sindical e ainda houve ataque à contribuição sindical, à Justiça do Trabalho e ao exercício da liberdade sindical. Para completar veio a reforma da previdência para massacrar os aposentados, a venda da Br Distribuidora e a última privatização feita na Eletrobrás.
A economista Flávia mostrou que essa destruição do Estado brasileiro não gerou empregos, mas precarizou as relações de trabalho em todo o Brasil aumentando a contratação no setor privado de trabalhadores sem carteira assinada e um crescimento da informalidade nunca visto.
Marcus Vinicius, presidente nacional do SINPAF, falou sobre a Campanha Salarial de 2022 quando os trabalhadores da Codevasf conquistaram reajuste de 8,58% e os trabalhadores da Embrapa conseguiram 12,3%.
“Agora neste ACT da Codevasf, temos que buscar as perdas. A LDO ainda é a do governo Bolsonaro. Pretendemos calcular o reajuste dos auxílios alimentação, auxílio creche, o abono de 12 dias. Em relação à Embrapa, vamos buscar esta diferença, vamos atrás do vale alimentação e de cláusulas importantes sem impacto econômico como o combate ao assédio moral e ao assédio sexual. De maneira geral, a luta continua. Vamos fazer a nossa parte, vamos pedir o que nos é de direito. Temos que ir além da reposição, queremos ganho real e as cláusulas sociais”, afirmou o presidente nacional do SINPAF, Marcus Vinicius.