Assédio e ações antissindicais tomam conta da Embrapa Tabuleiros Costeiros
Por: Gisliene Hesse
Desde 2016, a Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE, tem sido palco de uma série de práticas antissindicais, assédios e arbitrariedades da direção da unidade. A Seção Sindical enfrentou problemas que vão desde processos judiciais contestáveis até ações administrativas que visam prejudicar sua atuação. Estes problemas têm resultado em um ambiente laboral hostil, que perdura por sete anos. O que tem minado os esforços da Seção Sindical em representar adequadamente os interesses dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Segundo à Seção Sindical, os casos de desrespeito da direção da empresa com os trabalhadores e trabalhadoras viraram rotina na Unidade. As arbitrariedades não ocorrem somente com os representantes sindicais, mas com qualquer empregado ou empregada que reivindique ou não concorde com algum ato da gestão.
Uma das questões apontadas pela Seção Sindical é que a chefia da unidade tem mantido as mesmas ferramentas de gestão aplicadas por um grupo de 16 pessoas. Essas pessoas fizeram rodízio nas cadeiras da direção da Embrapa Tabuleiros Costeiros nos últimos sete anos.
Como começou o assédio e as outras práticas
Os desrespeitos tiveram início após a Seção Sindical solicitar, em 2016, à chefia da unidade, a apuração de possíveis maus tratos aos trabalhadores e trabalhadoras terceirizados/as. Ao invés de investigar o caso, a direção da Embrapa abriu, à época, um processo por danos morais para retaliar a Seção Sindical.
A Seção Sindical enfrentou ainda outras ações judiciais da chefia da empresa. Entre elas, uma em 2018, na qual um supervisor da Embrapa alegou dano de sua imagem, e outra em 2019, em que a chefia solicitou indenização à Seção Sindical, justificando que a entidade denegriu sua imagem.
Os representantes sindicais da Tabuleiros Costeiros também enfrentaram assédio e perseguição por parte da empresa que levou, por exemplo, o afastamento de integrantes da Seção para tratamentos psicológicos.
Outras arbitrariedades
Outro ato efetuado pela chefia da Embrapa contra a atuação sindical foi a proibição, em 2018, de liberação dos diretores da Seção Sindical para visitarem os campos experimentais. Essa foi mais uma ação antissindical realizada pela empresa. A gestão não liberou o ponto para que os/as trabalhadores/as desses campos participassem das eleições do sindicato, em 2022.
Em 2022, a chefia da Embrapa Tabuleiros Costeiros também tomou decisões unilaterais, desocupando um espaço da equipe de agroecologia sem comunicação prévia. A falta de diálogo causou insegurança nos empregados e empregadas do setor, que chegaram a pensar que o trabalho do laboratório seria finalizado.
Em fevereiro de 2023, a gestão iniciou um processo administrativo com o objetivo de fazer a Associação dos Empregados da Embrapa (AEE/SE) despejar a Seção Sindical do espaço que ocupa desde setembro de 1990. As ameaças de cancelamento do contrato entre a Embrapa e a AEE/SE adicionaram mais um elemento de tensão às relações entre as partes.
De acordo com a Seção Sindical, essa nova abordagem da chefia, optando por medidas administrativas e legais para prejudicar a atuação da Seção Sindical, destaca a necessidade urgente da retomada de diálogo e do respeito às instâncias representativas dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Busca de Soluções contra o assédio
Ao longo dos últimos sete anos, a chefia da unidade tem desconsiderado a importância dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, conforme foi elucidado acima.
Segundo o presidente do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, o autoritarismo, o assédio e outras práticas inaceitáveis como perseguição e retaliação ainda persistem como ferramentas da atual gestão da unidade.
As perseguições às lideranças sindicais continuam. É importante tomar medidas para colocar fim a essa escalada de hostilidade e assegurar um ambiente onde os trabalhadores e trabalhadoras e a Seção Sindical possam exercer suas funções sem interferências indevidas e represálias, fortalecendo a democracia no ambiente de trabalho. Com esse histórico de arbitrariedades e perseguições, é inaceitável que os atuais gestores permaneçam na direção da unidade Tabuleiros”, afirmou o presidente do SINPAF.
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