
Plenária Sul do SINPAF aponta enfrentamento de conjuntura desfavorável
Por: Bruno Cruz / Revisão: Camila Bordinha e Jean Kleber Silva
Na manhã de sexta, dia 25 de abril, a 27ª Plenária Sul do SINPAF foi aberta por uma mesa formada pelo diretor da Regional Sul, Felipe Haubert Pilger, pelo presidente da entidade, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, e pelo diretor da Escola Sul da CUT, Celso Woyciechowski. Logo após as saudações de abertura, foi formada a primeira mesa do evento sobre Análise da Conjuntura Política Nacional e Internacional com a participação da presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Santa Catarina (CUT-SC), Anna Júlia Rodrigues.
Durante a análise de conjuntura, Anna Júlia falou sobre a dificuldade enfrentada pelo Brasil em relação à conjuntura internacional desde que Donald Trump decidiu intervir no mercado internacional por meio do aumento da taxação de produtos estrangeiros no mercado interno dos Estados Unidos.
Ela também chamou atenção para o fato do Congresso Nacional, que já era conservador, ter ganhado “musculatura” nesses três primeiros anos de governo Lula, tornando ainda mais difícil a aprovação de Projetos de Lei de interesse da classe trabalhadora como a regulamentação da convenção 151 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que trata da regulamentação da negociação coletiva.

Na opinião da presidenta da CUT-SC, outro fator que atrapalha o avanço de direitos de trabalhadores e trabalhadoras, é a dificuldade do Governo Lula de dialogar e conseguir apoio popular em relação a políticas importantes como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, a redução da taxa de juros e o controle da inflação.
Ela disse ainda que o movimento sindical precisa investir mais na disputa ideológica da classe trabalhadora, que muitas vezes não reconhece a importância de conquistas históricas como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e vive a ilusão do “empreendedorismo” por meio da “pejotização” ou da “uberização”.
Por fim, Anna Júlia convocou delegadas e delegados presentes à Plenária Sul do SINPAF a participarem da Marcha da Classe Trabalhadora no próximo dia 29 de abril em Brasília, mas também fez um apelo para que a classe trabalhadora se organize para as eleições de 2026 com o objetivo de eleger governos democráticos e um parlamento menos conservador.
Já o presidente do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, fez um paralelo entre a ascensão do nazi-facismo após a crise de 1924 com o atual crescimento do conservadorismo de direita depois da crise de 2008 e lembrou da utilização de dados da população estadunidense por meio do Facebook na campanha que elegeu Donald Trump presidente pela primeira vez em 2016.
Na opinião dele, governos como o de Bolsonaro no Brasil e Trump nos Estados Unidos foram eleitos com um discurso conservador em relação a, por exemplo, imigrantes e questões de gênero, mas implementaram uma pauta de destruição dos direitos sociais da população como previdência, saúde e educação, em favor da remuneração do capital por meio do pagamento da dívida pública e de políticas de desoneração fiscal de grandes empresas e do agronegócio.
No contexto das empresas públicas de pesquisas agropecuárias, o presidente do SINPAF salientou que, embora o diálogo tenha sido retomado com as direções da Codevasf e da Embrapa, não há avanços em relação às pautas estruturais da categoria como, por exemplo, o reconhecimento da elevação da escolaridade para assistentes e técnicos da Embrapa.
Além disso, ele também relatou que apesar das denúncias e apelos do Sindicato, o Governo e as direções das empresas públicas não têm conseguido combater os prejuízos causados pelo neoliberalismo à saúde das trabalhadoras e dos trabalhadores por meio da sobrecarga de trabalho impulsionada pelas novas tecnologias de gestão e comunicação.
Ao final da intervenção, Marcus Vinicius disse que a categoria representada pelo SINPAF não se vê como um grupo de privilegiados porque tem travado a luta pela defesa e conquista de direitos. Na opinião dele, a desregulamentação do mercado privado não pode servir de desculpa para a retirada de direitos no setor público, pois este precisa ser o exemplo para as relações de trabalho nas empresas privadas.
Durante o debate, delegadas e delegados da Plenária fizeram intervenções no sentido de ampliar a formação políticas com o objetivo de criar novas lideranças sindicais, combater o assédio moral e sexual e unificar a categoria em torno do SINPAF que é a única entidade sindical capaz de representar, de fato e de direito, a categoria de trabalhadoras e trabalhadores de pesquisa e desenvolvimento agropecuário.
MATERIAL DA PLENÁRIA É SÍMBOLO DE SUSTENTABILIDADE
Entre mesa de abertura e a de análise de conjuntura, o diretor suplente de comunicação do SINPAF, Jean Kleber Silva, falou sobre a simbologia contida na confecção e destinação dos materiais distribuídos para delegadas e delegados da Plenária Sul. De acordo com Kleber, mais do que o impacto ecológico, a ideia é fomentar o debate sobre a preservação do planeta.
Começando pelo crachá que tem sementes de tomate e pode ser plantado, a sustentabilidade dos materiais passa pelas camisas e bolsas feitas de material orgânico, pelo copo elaborado a partir da fibra do arroz e termina nas canetas e cadernetas feitas com material reciclado. Já os banners de vinil serão reaproveitados na confecção de necessaires que serão distribuídas para delegados e delegadas da Plenária Nacional do SINPAF que acontece de 22 a 24 de maio em Brasília.
PLENÁRIA APROVOU REGIMENTO E MESA DIRETORA
Ainda na parte da manhã de sexta, dia 25 de abril, delegadas e delegados presentes aprovaram a mesa diretora dos trabalhos, composta pelo diretor da Regional Sul, Felipe Haubert Pilger, e pela representante da Seção Sindical de Passo Fundo, Marina Santos Teixeira e o regimento interno da 27ª Plenária Sul do SINPAF.