Concurso da Embrapa segue com funções esvaziadas de assistentes e sem vagas para secretárias (os)
Por: Camila Bordinha
O início das inscrições para o concurso da Embrapa, nesta semana, representa um marco importante para a renovação do quadro de pessoal da empresa, que não realizava concursos há 15 anos. Para o SINPAF, o processo é importante pela necessidade de fortalecimento da Embrapa por meio de novos profissionais, como tem reivindicado essa seleção há alguns anos. Porém, o certame, que prevê a contratação de mais de 700 analistas e pesquisadores, falha ao não considerar a importância dos cargos de assistentes e secretárias e secretários, cujas funções são vitais para o andamento das pesquisas e dos processos administrativos.
O sindicato aponta falhas desastrosas no edital, com relação à ausência de vagas para secretárias e a quantidade quase insignificante de vagas para assistentes. Sem contar com o esvaziamento das funções destes profissionais por meio de um Boletim de Comunicações Administrativas (BCA), que o SINPAF tem buscado reverter desde 2023, quando foi lançado.
O assistente tem um papel fundamental na operacionalização das pesquisas e ainda da coleta, organização e tratamento dos dados, tarefas que demandam precisão e dedicação. A média de 1,4 assistente por unidade é insuficiente para garantir a execução dessas funções de forma eficiente, o que pode comprometer a qualidade das pesquisas realizadas. A falta de reconhecimento e valorização desses profissionais no edital é preocupante, dado o impacto que isso pode ter no desenvolvimento das atividades da Embrapa.
Além disso, o cargo de secretária (o), que exerce funções de confiança e sigilo, também está ausente no concurso. As (os) secretárias (os) são responsáveis por lidar com informações sensíveis, muitas vezes relacionadas a dados confidenciais de pesquisas e projetos. Sua função é imprescindível para manter o fluxo de trabalho dentro das normas de segurança da informação e ética. A ausência de vagas para secretárias (os) no edital sugere uma visão limitada sobre a complexidade das tarefas administrativas e de suporte, subestimando a importância desse papel.
Outro ponto crítico é a questão do financiamento das unidades da Embrapa. Muitos dos centros de pesquisa enfrentam dificuldades financeiras, com orçamentos limitados para custeio das atividades cotidianas. Diante dessa realidade, surge a dúvida: quem será responsável por executar as tarefas que antes eram atribuídas aos assistentes e secretárias (os)? A falta de previsão para a contratação desses profissionais pode sobrecarregar os poucos recursos humanos disponíveis nas unidades de pesquisa, tornando ainda mais difícil o andamento das atividades e a produção de resultados relevantes para o país.
Com a contratação de mais de 700 novos analistas e pesquisadores, a expectativa é de que as demandas de trabalho aumentem significativamente. No entanto, sem o apoio de uma estrutura operacional e administrativa bem equipada, que inclua assistentes e secretárias (os), as unidades da Embrapa podem enfrentar sérios desafios para atender às crescentes demandas. A sobrecarga de tarefas e a falta de profissionais especializados em funções de apoio podem prejudicar a eficiência dos novos pesquisadores e analistas, comprometendo o sucesso das pesquisas e, consequentemente, o desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro.
Portanto, é urgente que a Embrapa reconsidere a estrutura do concurso e abra vagas para mais assistentes, com as funções reestabelecidas, e secretárias (os).*O descaso com esses cargos no edital não apenas desvaloriza profissionais que são a base do funcionamento da instituição, mas também coloca em risco a eficiência das pesquisas e o avanço da ciência no Brasil. O concurso da Embrapa deve ser uma oportunidade para fortalecer a empresa como um todo, reconhecendo e valorizando todas as funções que contribuem para o seu sucesso.