
13° Congresso Nacional do SINPAF debate sobre o machismo estrutural
Por: Camila Bordinha
Conduzida pela diretora de Políticas Sociais e Cidadania, Franciana Volpato, a mesa sobre a “Participação e Inserção da Mulher no Movimento Sindical” foi destaque no 13º Congresso do SINPAF na sexta-feira (2).
A diretora da CUT-DF, Thaisa Magalhães, falou sobre a necessidade do movimento sindical estar “integrado à sociedade, já que todas, todos e todes estão inseridos nessa mesma sociedade.” “Se o sindicato não está discutindo como desconstruir o sexismo e o machismo no sindicato, se ele não cria espaços auto-organizados pelas mulheres e espaços mistos de desconstrução da masculinidade tóxica, ele está errado porque se isso existe na sociedade, logo existe no sindicato,” explicou.
Thaisa Magalhães aproveitou para reforçar a importância de as companheiras e os companheiros se envolverem no processo de regulamentação da convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), assinada no último dia 8 de maio pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, de combate ao assédio moral e sexual nos locais de trabalho.
“Como todos os projetos, vai passar pela Câmara Legislativa e pelo Senado, que está num contexto bastante conservador, e não é um lugar onde a gente conseguiu eleger maioria de defensores e defensoras da classe trabalhadora. Então, agora no dia 15 de junho, vai ter a primeira audiência pública onde a gente vai discutir como vai ser regulamentada a ratificação da convenção,” informou a dirigente da CUT.
Professora e pesquisadora do Cesip, Bárbara Dias esclareceu sobre como o pertencimento político e a construção da subjetividade de um horizonte comum é importante para que o ambiente sindical contribua para validar a luta das mulheres. Para ela, o movimento sindical não está se organizando. “Não estamos fazendo o trabalho de pertencimento subjetivo, estamos deixando que a extrema direita construa essa subjetividade do trabalhador brasileiro,” afirmou a pesquisadora.
“O sindicato é antes de tudo um lugar de afirmação, para se constituir consciência de luta, você sai da identidade de classe e vai para a luta de classe. E a gente tem que validar essas lutas para mostrar que elas têm relação com o todo. E todas as lutas, principalmente as de combate às hierarquizações de gênero, de raça, de deficiência física etc, todas elas são fundamentais porque fazem parte dessa constituição da subjetividade comum. Então a luta das mulheres é uma luta pelo horizonte comum,” afirmou Bárbara Dias.
Mazé Nascimento, secretária de Mulheres da Contag e coordenadora geral da Marcha das Margaridas, afirmou, já no começo de sua exposição, que “sem as mulheres a luta fica pela metade”. Ela também fez um breve histórico da luta e das conquistas das mulheres rurais que, até os anos 1990, não tinham sequer os seus trabalhos reconhecidos.
A agricultora também convidou a categoria do SINPAF para a Marcha das Margaridas que acontecerá no dia 16 de agosto em Brasília-DF. “Dia 21 de junho vamos entregar uma pauta que não impacta só na vida das mulheres do campo, das florestas e das águas, mas da cidade também, das trabalhadoras urbanas. Entre eixos políticos da pauta, estão a violência contra as mulheres, participação política, questão da terra, situação climática, educação, saúde, entre outas,” informou Mazé.