Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário

Abril Vermelho, mês de mobilização do MST em memória aos 27 anos do Massacre de Eldorado do Carajás

17 de abril de 2023
Por: Larissa Sarmento

O mês de abril marca uma das datas mais tristes da luta pela posse da terra no Brasil. Em 1996, o país vivenciou, estarrecido e incrédulo, a tragédia que ficou conhecida como o massacre de Eldorado dos Carajás.

O fatídico dia ocorreu depois que 3.500 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda Macaxeira em Curionópolis, município paraense vizinho a Eldorado dos Carajás. Os militantes buscavam negociação com Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para iniciar o processo de desapropriação da terra improdutiva.

Essa mobilização se desdobrou em um protesto com uma caminhada de 1.500 trabalhadores sem-terra, que resolveram marchar rumo à capital Belém pela rodovia PA-150 para reivindicar o direito à terra.
Porém, na tarde do dia 17 de abril, as famílias foram cercadas por 155 policiais militares armados com escopetas, metralhadoras, fuzis e revólveres, que cercaram e abriram fogo contra os acampados. A agressão arbitrária da polícia durou cerca de duas horas e terminou com 21 camponeses mortos, sendo que 11 foram alvejados com tiros à queima roupa em evidente sinal de execução. Outras 79 pessoas ficaram feridas.

A data tornou-se um marco de lutas como o Dia Internacional de Luta Camponesa, o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária e o Dia em Memória ao Massacre de Eldorado do Carajás.

De acordo com a diretora suplente de Políticas Sociais e Cidadania do SINPAF, Ilmarina Menezes é necessário manter viva a memória desse episódio e lembrar que a luta pela terra ainda é uma realidade presente no Brasil. “Continuamos vigilantes para que o massacre de Eldorado do Carajás nunca seja esquecido e que toda a injustiça e dor daquele fatídico 17 de abril seja transformada em resistência e luta”, aponta.

Para Mário Urchei, Diretor de Ciência e Tecnologia do SINPAF, a Reforma Agrária Popular é fundamental não apenas para as populações que vivem no campo, mas uma necessidade do conjunto da sociedade. Além de viabilizar o acesso à terra para quem nela trabalha, engloba as dimensões da pesquisa agropecuária pública e da produção de alimentos saudáveis, pautados na agroecologia.

“Com essa temática trata-se também a diminuição das desigualdades sociais e o efetivo combate à fome; o acesso à educação em todos os níveis no meio rural; a equidade e a luta contra qualquer tipo de preconceito, construindo novas relações humanas, sociais e de gênero; a soberania alimentar; e a caminhada para um país mais democrático, justo e igualitário. Então, essa luta também é do SINPAF”, afirma.

Este ano o MST organiza a 26º Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária de 2023, que tem como lema a luta pela “Reforma Agrária contra a fome e a escravidão: por terra, democracia e meio ambiente!”. Estão previstas ações em todo o país para denunciar o avanço dos casos de trabalho escravo.

Cerca de 100 mil famílias Sem Terra ainda vivem em acampamentos provisórios por todo o país, muitas estão há mais de dez anos vivendo em barracas de lona preta.

Leia mais