Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário

25ª Plenária Regional Sudeste debate conjuntura nacional e desafios da categoria

16 de abril de 2023
Por: Camila Bordinha

Texto: José Wilson Barbosa

A 25ª Plenária Regional Sudeste do SINPAF iniciou neste sábado, 15 de abril, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Na abertura do evento, a mesa foi composta pelo presidente do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, pela diretora Regional Sudeste, Adriana Nascimento, e pelo secretário da mesa, José Carlos Sá Ferreira, da Seção Sindical Agroindústria de Alimentos, que fica no Rio de Janeiro.

ANÁLISE DE CONJUNTURA

O professor de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas (IFCH-CAMPINAS), Sávio Cavalcante, fez uma análise da conjuntura nacional e falou sobre a reorganização da extrema direita no Brasil.

Sávio ressaltou que existe um consenso mínimo na literatura política de que este tipo de ideologia apresenta uma ameaça extremamente séria à democracia do Brasil. “Significa basicamente uma ameaça a tudo aquilo que está na Constituição de 1988 em relação à divisão de poderes, da forma de se garantir direitos mínimos para as manifestações políticas e que se apresenta de uma forma que é, não apenas apresentar um programa de caráter bastante conservador em termo de legislação social, moral e de costumes, mas tem um programa próximo que se identifica com o mercado. Mas o mais fundamental desse processo é que este movimento bolsonarista tem uma capilaridade social que nenhum outro movimento conservador no Brasil teve”, afirmou. 

Prosseguindo a análise da conjuntura o presidente nacional do SINPAF, Marcus Vinicius Sindoruk Vidal, destacou que, hoje no mundo, há uma concentração de renda enorme. “O exemplo disso é que no Brasil, hoje, 5 pessoas possuem uma renda de 100 milhões de brasileiros. E como se não bastasse, na tragédia da pandemia, ainda tivemos um governo que adotou a necropolítica e era antiministerial,” afirmou.

O presidente do SINPAF destacou a luta e a resistência do Sindicato. Em relação à Embrapa, Marcus Vinícius disse que a empresa ainda está alinhada ao projeto do Governo Bolsonaro e que o SINPAF “defende uma Embrapa pública, democrática e inclusiva e que tem que continuar discutindo suas pautas no novo governo”.

NEGOCIAÇÃO DO ACT EMBRAPA

O vice-presidente nacional do SINPAF, Júlio Bicca fez um balanço do processo de negociação com a empresa do período 2022-2023. Segundo ele, foram 18 rodadas de negociação, sendo 11 online e outras presenciais, além de rodadas unilaterais e bilaterais com a mediação do Tribunal Superior do Trabalho.

Júlio explicou que a última reunião com a juíza, o SINPAF recebeu a proposta final da Embrapa com um reajuste de 100% do IPCA. “Agora que nós temos uma Comissão Nacional de Negociação (CNN) nova, num governo novo, acreditamos resgatar muitos direitos perdidos e garantir outros avanços. Ao mesmo tempo, a empresa vai ter nova diretoria executiva, na qual acreditamos também poder avançar nas negociações”, afirmou.

Já a Secretária-geral do SINPAF, Dione Melo, explicou que, para a negociação coletiva de 2023-2024, foram recebidas 388 sugestões da categoria por meio das Seções Sindicais. De acordo com ela, em 2022, 15 Seções Sindicais contribuíram e, para 2023, houve o aumento para 26 Seções.

Sobre a Região Sudeste, Dione disse que todas as sete seções enviaram sugestões para a produção da pauta da negociação coletiva de 2023. “Isso demonstra o potencial da diretoria regional para integrar as Seções Sindicais de forma mais coletiva e não somente na Plenária,” ressaltou.

ELEIÇÃO DA CNN SUDESTE

Durante a eleição para representante regional da Comissão Nacional de Negociação (CNN) da região Sudeste foram eleitos: Neio Lúcio Ramos Silva, da Seção Sindical Gado de Leite, Juiz de Fora-MG, como titular; e Carmelita Santo, da Seção Sindical Agrobiologia, em Seropédica-RJ, como suplente.

O presidente da Seção Sindical Pesagro Campos, José Roberto Borges de Souza, e o presidente da Seção Sindical Pesagro Niterói, Ricardo Vieira, abordaram o processo de negociação com a empresa e ressaltaram as dificuldades enfrentadas pela categoria durante os 23 anos sem Acordo Coletivo de Trabalho.

“As seções de Campos/Niterói tentaram durante todo este período resolver administrativamente e judicialmente o impasse, mas enfrentaram uma dura resistência da empresa, que se negou a negociar, trazendo graves prejuízos aos trabalhadores. Atualmente, os trabalhadores e trabalhadoras se encontram com seus salários defasados devido a não regulamentação do abono salarial, assim como a não reposição do vale alimentação, há 23 anos sem reajuste, permanecendo no valor de R$ 8,00 por dia. Além disso, suspenderam o plano de saúde desde 2015”, enfatizaram.

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Ao falar sobre “O SINPAF e as Relações com o Parlamento e o Sindicato”, o diretor de Relações Institucionais do SINPAF, José Vicente Magalhães, destacou que a entidade está reconstruindo relações com várias instituições, movimentos sociais e sindicais e fortalecendo a rede de relacionamentos com o parlamento através das frentes parlamentares. “Nós, do SINPAF, achamos essencial manter uma boa relação com o parlamento para que tenhamos como defender nossas pautas, através destas relações, como realização de seminários e audiências públicas para debater o papel das nossas empresas da base do Sindicato”, frisou.

MULHERES NOS ESPAÇOS DE PODER E DE LUTA

Para encerrar o primeiro dia da Plenária Sudeste, a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-MG, Lucimar Martins, e a presidenta da Seção Sindical Embrapa Sede, Mirane Costa, falaram sobre os “Desafios da Mulher no Movimento Sindical e na Política.

Para Lucimar, quando uma mulher se coloca num espaço de disputa, ela encontra muito mais dificuldade.  “É uma disputa legítima, mas como vivemos numa sociedade machista e conservadora é muito mais difícil. Nós precisamos apoiar as mulheres nos mais variados espaços, seja sindical, político ou religioso”, afirmou.

Já Mirane ressaltou que as mulheres têm que ocupar os espaços que desejam. “Mulher tem que estar onde ela quiser. E o desafio da mulher no movimento sindical é que os sindicatos precisam contribuir para que as mulheres tenham uma vida melhor”, finalizou.

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