Trabalhadores e Trabalhadoras da Codevasf exigem respeito
Por: Rogério Rios
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba tem sido alvo de intensa publicidade negativa. Nas redes sociais, jornais e sites, multiplicam-se as denúncias envolvendo as atividades da empresa e seus gestores.
As manchetes destacando o papel da empresa na melhoria de vida de populações foram substituídas por outras nada republicanas, comprometendo a imagem da empresa. Este massacre público tem causado indignação entre os trabalhadores e trabalhadoras da Codevasf.
Na terça-feira, dia 09/08, foi veiculada na imprensa uma nota relatando que a direção da Codevasf orientou os servidores acerca de procedimentos em eventuais situações de busca e apreensão, aumentando ainda mais a revolta dos funcionários, ao colocar a empresa sob suspeita de corrupção.
A Codevasf tem um quadro de pessoal relativamente pequeno, pouco mais de 1700 pessoas, para fazer frente ao aumento exacerbado das demandas e responsabilidades assumidas pela direção da empresa. A sobrecarga de trabalho, as pressões por resultados e o descrédito por conta das denúncias na mídia têm levado a um quadro de adoecimento da força de trabalho.
Criada em 1974 com o objetivo de promover o desenvolvimento regional por meio do aproveitamento dos recursos hídricos do Rio São Francisco, a Codevasf foi sendo agigantada ao longo de sua trajetória de 48 anos. Nesse sentido, se inicialmente a área de atuação da empresa estava circunscrita a 670 mil km2, nos dias atuais passou a atuar em 3,11 milhões de km2, mais de 36% do território nacional.
Esse gigantismo operacional, entretanto, não encontrou a contrapartida devida em termos orçamentários, de infraestrutura e de recursos humanos, para fazer jus ao conjunto de atribuições atualmente delegadas à empresa.
Ainda que as manchetes anunciem que a “estatal teve orçamento turbinado”, o fato é que a Codevasf vem perdendo orçamento próprio ano a ano.
Em 2021, por exemplo, o orçamento da estatal foi de R$ 3,80 bilhões de reais, e, desse valor, R$ 2,11 bilhões foram de emendas, ou seja, mais de 50% do orçamento da estatal provem da atuação parlamentar.
Importante destacar que a maior parte dessas emendas são destinadas a obras de pavimentação e a compras de máquinas e equipamentos, duas finalidades de grande repercussão político-eleitoral. Em contrapartida, a infraestrutura da empresa, necessária para a operacionalização de várias atividades, sofre com a falta de recursos e de manutenção adequada.
Por tudo isso a empresa terminou por tornar-se refém de interesses políticos, inclusive no que tange às nomeações para cargos diretivos, desprezando-se os critérios técnicos para priorizar indicações políticas.
A luta para que a Codevasf tenha um orçamento condizente com sua missão e que seja respeitada como empresa pública, com um histórico relevante de atendimento à sociedade, é um desafio a ser assumido por todos aqueles que sabem do potencial imenso da mesma, seja na promoção do desenvolvimento de regiões e da população urbana e rural.
O desafio está posto e o SINPAF, de antemão, assume essa bandeira. Essa luta precisa ser encampada pelas lideranças, representações sindicais, sociedade de forma ampla, e por todo aquele trabalhador e trabalhadora que dedicou e dedica sua vida a essa empresa.
Lançamos hoje a Campanha “A Codevasf Merece Respeito. Diga não ao uso político da empresa”.