
23ª Plenária Nacional começa com apelo à unidade, à justiça e à valorização dos trabalhadores das estatais
Por: Camila Bordinha
A 23ª Plenária Nacional do SINPAF teve início nesta quinta-feira (22), na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em Brasília, com a metáfora potente das margaridas, que expressa o espírito do encontro: resistência, esperança e luta coletiva por justiça social. Esse simbolismo parte dos crachás dos participantes, feitos com sementes de margaridas, seguindo o tema das plenárias regionais e nacional: a sustentabilidade.
Com falas potentes, a mesa de abertura traçou o cenário político, sindical e social em que o evento se insere, destacando a importância da resistência coletiva e da organização da classe trabalhadora diante das dificuldades enfrentadas pelas estatais e aos direitos historicamente conquistados.
Espírito de combate e reconstrução
O presidente nacional do SINPAF, Marcus Vinicius, abriu os trabalhos relembrando as duras batalhas enfrentadas nos Acordos Coletivos de Trabalho com a Embrapa e a Codevasf nos últimos anos. “Os ACTs devem ser a tradução do reconhecimento, do respeito e da valorização de quem faz essas empresas acontecerem: seus trabalhadores e trabalhadoras. Não são os prédios que constroem uma empresa pública. São as pessoas que dão sentido a ela.”
Ele reforçou que a luta sindical precisa abraçar causas amplas e urgentes: o combate ao assédio moral e sexual, o direito à maternidade e paternidade, a inclusão de pessoas e filhos com deficiência e dos idosos. “A democratização das empresas públicas é essencial para que elas sirvam às necessidades do povo brasileiro e não a interesses privados.”
Presente à mesa, a vice-presidente da CUT Brasil, Juvândia Leita, destacou a importância de o SINPAF atuar junto ao Fórum das Estatais e em articulação com outras entidades do setor público para enfrentar desafios comuns — como os planos de saúde deficitários e os retrocessos propostos pelo Congresso Nacional, como o chamado PL da Devastação, que ameaça os recursos naturais brasileiros.
Já Rodrigo Rodrigues, presidente da CUT-DF, reforçou o papel estratégico das empresas públicas para o desenvolvimento nacional. Ele também conclamou os delegados e delegadas do SINPAF a se engajarem nos espaços de deliberação da central sindical, como as plenárias regionais e nacional, que se aproximam. “É nas bases que começamos a construir as grandes mudanças.”
A presidenta da Auditoria Fiscal Nacional do SINPAF, Joana Darc, fez um chamado direto às mulheres da categoria: “A construção de um mundo mais justo e sustentável começa por nós. Precisamos participar dos movimentos e ocupar os espaços de decisão.” Sua fala foi acolhida com entusiasmo e reforçada por outras lideranças presentes.
A força feminina, a resistência das mulheres e a união entre elas também surge do significado das margaridas nos movimentos sociais como a Marcha das Margaridas, realizada pela Contag, no Brasil.
Com debates que atravessam os temas sindicais, sociais e ambientais, a 23ª Plenária Nacional do SINPAF segue até sábado (25), prometendo ser um marco na renovação das estratégias de luta da categoria e no fortalecimento do papel das empresas públicas como patrimônio do povo brasileiro.
Afinal, como bem lembrou Marcus Vinicius, “a luta se faz no cotidiano — e com esperança, como as margaridas, que mesmo diante das tempestades, continuam a florescer.”
CUT convoca à mobilização nas bases
A vice-presidenta nacional da CUT trouxe um panorama da conjuntura e convocou a militância para fortalecer os espaços de organização. “Estamos num momento estratégico. Temos uma série de plenárias estaduais, regionais, e também a Plenária Nacional da CUT. Precisamos transformar esse momento em ação coletiva”, afirmou.
Juvândia foi enfática ao denunciar os ataques aos direitos trabalhistas, as propostas de isenção de impostos para os mais ricos e a apropriação do orçamento público por uma elite que não tem projeto de país. “Um Brasil desenvolvido exige investimento público, soberania e escuta à classe trabalhadora. A COP30 será uma oportunidade para isso, mas temos que estar organizados.”