Embrapa à Deriva: 21ª Rodada acaba sem novos índices e evidencia desumanização da empresa
Por: Camila Bordinha e Gisliene Hesse
Após três dias inteiros de intenso debate, a 21ª rodada de negociação do Acordo Coletivo (ACT) Embrapa 2023-2024, realizada nesta quinta-feira (26), a empresa não apresentou um índice para reajuste salarial e para auxilio alimentação, auxílio creche e auxílio para pais e mães de filhos ou dependentes com deficiência. Além disso, o SINPAF acredita que era possível ter avançado em cláusulas sociais que não trazem nenhum impacto econômico e que são importantes para modernização do acordo.
O SINPAF manifestou sua insatisfação durante todos os dias de rodadas por quase não haver avanços positivos na pauta. As rodadas foram caracterizadas principalmente por exclusões de várias reivindicações da categoria.
Para o diretor jurídico do SINPAF, Adilson F. Mota, “foram três dias de frustração. Não há obrigatoriedade de que a Embrapa aceite tudo que foi pedido, afinal de contas é uma negociação. Mas houve muitas cláusulas excluídas sem justificativa plausível, o que causou muitas manifestações dos integrantes da Comissão Nacional de Negociação (CNN) e insatisfação geral.”
Desumanização da Embrapa
Apesar da Comissão do SINPAF aceitar algumas novas redações propostas pela EMBRAPA em textos de novas cláusulas apresentadas pela empresa, na manhã da quinta-feira, o Sindicato considera que a Embrapa ainda demonstrou muita insensibilidade às pautas que promovem a humanização do ACT. Um exemplo foi o pedido de exclusão da Cláusula 10.8 – Manutenção de Elegibilidade, que busca garantir a manutenção da promoção dentro da carreira de trabalhadoras e trabalhadores que ficaram afastados por acidente de trabalho.
Para o representante da Região Nordeste na CNN, Arnaldo Rodrigues, essa situação demonstra claramente que a empresa não está agindo com humanidade. “Parece que para a Embrapa o acidente de trabalho do empregado não é um problema médico, mas sim foi um benefício recebido pelo empregado ou empregada,” avaliou o sindicalista.
Falta de acessibilidade na Embrapa
Na mesma linha de insensibilidade, a empresa também não poupou os empregados e empregadas com deficiência. Ela excluiu o parágrafo segundo da cláusula que trata de acessibilidade nas instalações da empresa e desobriga os empregados com deficiência a desenvolverem suas atividades laborais até que as condições de acessibilidade sejam efetivadas.
“Essa é uma obrigação da empresa. É inadmissível colocar a conta para os trabalhadores e as trabalhadoras. O SINPAF lamenta a insensibilidade da Embrapa em tratar do assunto”, destacou Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, presidente do SINPAF.
O presidente interino da Seção Sindical de Goiânia, chegou a convidar a supervisora da empresa para andar em certos lugares e testar a acessibilidade.
“Gostaria que ela fizesse um teste e tirasse a cadeira de rodas do carro e andasse pela empresa. Se a gente não pode colocar no próprio ACT aquilo que é obrigação, mas a obrigação na prática não está sendo feita. A gente parte para questão humanitária. Mas aqui parece que não tem quem entende sobre gestão humanizada”, reclamou Waltterlenne Englen, presidente interino da Seção Sindical Goiânia.
Sem acordo de transporte para os trabalhadores da Embrapa
Sem surpresa, a empresa também não considerou a proposta de caput da cláusula 4.1. e pediu o ACT revisando. A cláusula solicita o serviço de transporte de qualidade e com segurança, para o deslocamento de seus empregados, de suas residências para o local de trabalho e vice-versa.
“Em muitas unidades, sobretudo as com maior dificuldade de acesso, os empregados e empregadas estão se desdobrando para chegar ao trabalho. Muitas vezes ficam até três horas em deslocamento. Alguns enfrentam situações constrangedoras na volta do trabalho, por ser um horário tarde e ter que se sujeitar ao perigo”, explicou o presidente do SINPAF.
Prorrogação e próxima rodada
O ACT foi prorrogado mais uma vez até o dia 30 de novembro. As próximas rodadas de negociação irão ocorrer nos dias 13 e 14 de novembro.
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