Embrapa apresenta dados equivocados sobre os últimos reajustes salariais dos trabalhadores
Por: Rogério Rios
A direção da Embrapa e o governo federal não estão reconhecendo os serviços prestados pelos mais de 9 mil trabalhadores em todo o país e estão intransigentes quanto ao atendimento das principais reivindicações.
A categoria quer negociar um acordo coletivo que proporcione ganhos reais e avanços nas cláusulas sociais. Após várias rodadas de negociação com o SINPAF, a Embrapa não apresentou contrapropostas que satisfaçam os trabalhadores e, pior ainda, tenta ludibriar a categoria com informações financeiras equivocadas.
Trabalhador, entenda ponto a ponto as informações divulgadas no vídeo da Embrapa, no dia 17 de junho:
- As cláusulas sociais não foram discutidas à exaustão. A Embrapa se recusa a debater temas muito importantes como, por exemplo, Registro de Frequência, Licença Paternidade, além de outros;
- Cláusulas que foram discutidas, mas que não houve consenso entre as partes, a empresa colocou a redação de sua conveniência e mentiu para todos os trabalhadores afirmando que o PACOTAÇO SERIA ACT REVISANDO. Isso não é verdade;
- Não houve reajustes significativos de ganhos reais nos últimos 12 anos. E, a partir de 2010, os trabalhadores receberam basicamente a inflação do período (IPCA). Confira:
Ano |
IPCA* |
Reajuste |
Ganho Real |
OBS |
2005 |
8,07% |
8,50% |
0,43% |
|
2006 |
4,63% |
5% |
0,37% |
|
2007 |
3,00% |
4,55% |
1,55% |
|
2008 |
5,04% |
7,50% |
2,46% |
|
2009 |
5,53% |
6% |
0,47% |
|
2010 |
5,26% |
5,26% |
0,00% |
|
2011 |
6,51% |
6,51% |
0,00% |
|
2012 |
5,10% |
5,10% |
0,00% |
|
2013 |
6,49% |
7% |
0,51% |
Dissídio |
2014 |
6,52% |
7,05% |
0,53% |
Dissídio |
2015 |
8,17% |
8,17% |
0,00% |
|
2016 |
9,28% |
8,28% |
-1,00% |
|
*Fonte do IPCA: IBGE
Atenção: Em 2004, o IPCA do período ficou em 5,26%. Porém, por decisão do TST, a Embrapa reajustou o salário de seus empregados, de forma escalonada, entre 7% e 10%, com sete diferentes índices (conforme as diversas funções técnicas dos empregados). Isso porque a corte considerou que os resíduos inflacionários acumulados desde 1998 submeteram os empregados da Embrapa a uma grave perda de poder aquisitivo. O reajuste de 2004 contemplou a reparação de graves perdas salariais desde 1998. Ou seja, o índice de 2004 foi uma reposição dos seis anos anteriores.
- Os entrevistados no vídeo falam sobre melhorias nas cláusulas sociais. Mas se o PACOTAÇO é supostamente ACT revisando, quais são as melhorias? A Embrapa pode pontuar?
- A própria Embrapa reconhece que pontos do ACT precisam ser discutidos, porém administrativamente. Ou seja, a empresa propõe alterar o ACT internamente, sem a participação do SINPAF. Atos administrativos não garantem benefícios coletivos e muito menos que os benefícios sejam cumpridos;
- A Progressão anual do Plano de Carreira não faz parte da negociação do ACT. Já existe verba específica para este fim e não contempla todos os empregados;
- No vídeo, a Embrapa também apresenta que o orçamento para 2016 será de R$236 milhões, que serão destinados para despesas das Unidades. O SINPAF entende que a redução do orçamento para custeio de infraestrutura é porque a empresa não está buscando recursos no governo federal e muito menos fazendo realocação de verbas que não serão mais utilizadas em outros setores.
- Por causa da inércia da diretoria da Embrapa, a empresa chegou a um ponto que precisa deslocar cerca de 40% da verba de pesquisa para o orçamento das Unidades. E, segundo relatos dos pesquisadores, o efeito dessa medida é a precarização dos projetos de pesquisa.