XX Plenária Regional Sudeste começa nesta terça-feira (12/4) com profundo debate sobre a conjuntura política do Brasil
Por: Rogério Rios
Começou nesta terça-feira (12/4), no Rio de Janeiro (RJ), a XX Plenária Regional Sudeste, com a abertura do diretor regional, Francisco Carlos de Oliveira, e do presidente do SINPAF, Julio Guerra, que trataram sobre os últimos acontecimentos das investigações da operação da Polícia Federal, a Lava-Jato, e sobre as consequências do Impeachment da presidente Dilma Rousseff para a classe trabalhadora.
De acordo com Francisco, a atual situação política do Brasil tem causado a divisão das instituições, sejam elas políticas, sindicais, religiosas ou familiares.
Após a composição da mesa e alteração/aprovação da pauta da Plenária, foi a vez do professor da universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Helder Molina, apresentar aos delegados e convidados uma Análise da Conjuntura Política e Econômica do País.
De acordo com o professor, a história mostra que a burguesia brasileira não teve coragem nem de formar um projeto burguês nacional, mas ficou voltada para o capital estrangeiro, oligárquico, por meio da concentração de terra no Brasil e para a produção de commodities. Molina ressaltou ainda que 400 famílias dominam o território, o poder econômico e, consequentemente, o poder político.
Sobre o momento atual, Molina diz que “o parlamento (Congresso Nacional) é o mais reacionário e conservador, com mais de 300 picaretas, lacaios dos interesses das empresas e do capital estrangeiro”. “Este governo está pagando caríssimo por não ter enfrentado o capital privado, disse o palestrante”.
O professor continua a análise explicando que o governo construiu um pacto para ganhar as eleições por meio de três eixos: do financiamento privado, do lobby e da governabilidade.
Conforme Molina, o modelo neodesenvolvimentista – baseado no consumismo, no crédito, que não mexeu na infraestrutura e na ordem da ‘casagrande’, mas que botou um pouco de comida no prato da ‘senzala’- esgotou. “A crise que era cíclica, mas com perspectiva de superação, tem um custo que é clássico entre nós sindicalistas porque o capital quando perde sua taxa de lucro, cobra dos trabalhadores”, afirmou.
Molina também criticou o monopólio da mídia. “Vamos ficar de olho, no domingo (17/4), que a Globo vai fazer um dia “cívico” e até negociou com os campeonatos de futebol para adiar as rodadas”, denunciou com indignação.
O palestrante explicou que os trabalhadores estão em uma conjuntura em que vai precisar continuar lutando para defender a CLT e os direitos conquistados, mas que, de acordo com ele, o mais consumado é a retomada da hegemonia do grande capital. “Esse contexto vamos enfrentar”, afirmou. Mas, citando Antônio Gramisci, Molina concluiu: “Há que ser pessimista na crítica, radicais na análise, mas otimistas na luta”.
“O futuro do trabalhador é sombrio, é escravo”, complementou o diretor regional Sudeste, Francisco Carlos de Oliveira.