Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário

Trabalhadoras e trabalhadores relatam insegurança com aumento de casos de Covid na Embrapa

26 de janeiro de 2022
Por: Rogério Rios

As trabalhadoras e os trabalhadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) querem a volta ao trabalho não presencial e revezamento, devido ao aumento de casos de Covid-19 nas unidades da empresa e em todo o Brasil.

O avanço da doença volta a assombrar a população brasileira, sobretudo com a rápida disseminação da variante Ômicron nos primeiros dias de 2022. Nesta terça-feira, 25 de janeiro, o país voltou a registrar mais de 400 mortes por coronavírus em 24 horas, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

O rápido aumento das taxas de transmissão da doença, a carência de profissionais e de testes para detecção da doença, a falta de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), aliadas à dificuldade, demora e à burocracia da Gestão Moretti para a tomada de decisões que protejam a saúde física e mental dos trabalhadores e trabalhadoras da empresa são o pano de fundo para uma nova onda de insegurança e medo vivenciada por aqueles que já retornaram ao trabalho presencial na Embrapa.

Diariamente chegam aos representantes sindicais relatos e histórias recheadas de pavor e receio genuínos. São trabalhadores e trabalhadoras que têm idosos ou pessoas com comorbidades sob sua responsabilidade e precisam se deslocar até as unidades da empresa, de mães que deixam os filhos sozinhos, pois eles não retornaram às atividades escolares por conta da pandemia, e relatos dos que têm que conviver no ambiente de trabalho com colegas não vacinados e desleixados no uso das máscaras e no respeito ao distanciamento.   

Toda essa situação é agravada pelo aumento do número de casos entre os profissionais da empresa. Na sede da Embrapa, segundo dados levantados pelo SINPAF, mais de 120 pessoas testaram positivo para a doença, após voltarem às atividades presenciais nas últimas duas semanas. Em todas as unidades da empresa, a doença está se disseminando a passos largos.

Apesar do rápido aumento do número de contaminados, a Gestão Moretti criou uma emaranhada teia burocrática para justificar a sua incapacidade administrativa e para se proteger das consequências da sua inépcia. A narrativa oficial é que a decisão para retomar ao teletrabalho e ao revezamento caberia às chefias-gerais das unidades. Entretanto, como já informado anteriormente pelo SINPAF, existem várias instâncias para que uma eventual decisão seja aprovada, em um caso bizarro de autonomia chancelada.

Aparentemente, o chefe-geral deve enviar um pedido para a retomada do teletrabalho/revezamento para o Comitê Central de Monitoramento e Prevenção do Coronavírus da Empresa. Isso já soa bastante estranho por se considerar que cada Unidade tem seu próprio comitê. Seguindo a teia burocrática, o Comitê Central vai analisar e dar um parecer sobre aquele pedido. Detalhe importante é que na formação desse comitê não constam profissionais da área médica. Seus membros são todos ocupantes de cargo, indicados pela Gestão Moretti.

Depois de muitas reuniões e análises “técnicas”, poucos pedidos são atendidos, muitos indeferidos, o tempo vai passando nesse vai-e-vem burocrático, a agonia da categoria vai crescendo, enquanto Comitê e gestores se apegam a uma narrativa por eles mesmos criada, qual seja, “tudo está sob controle na Embrapa”.

Na esteira da inflexibilidade, da falta de bom senso e da incapacidade de dialogar da Gestão Moretti – alguém tem notícia de alguma reunião do presidente da Embrapa para conversar com os trabalhadores e as trabalhadoras sobre os casos de Covid-19 na empresa? – os presidentes das Seções Sindicais do SINPAF estão recorrendo ao judiciário para proteger a categoria. Algumas liminares estão sendo obtidas, garantindo a retomada do teletrabalho/revezamento.

A Diretoria Nacional do SINPAF também já acionou sua assessoria jurídica. Para o presidente do SINPAF, Marcus Vinicius Sidoruk Vidal, “a necessidade de distanciamento social, a vacinação massiva, o uso de máscaras e a responsabilidade com o coletivo são imprescindíveis para que sejamos capazes de sair dessa crise generalizada”. “O SINPAF está cumprindo seu papel, mas, infelizmente, pessoas que ocupam posições estratégicas na empresa ainda não conseguiram enxergar que suas decisões dificultam nossas chances de suplantar a pandemia, daí ser necessário buscar o judiciário”, concluiu Marcus Vinicius.

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