Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário

Tensão política poderá prejudicar negociações do ACT 2016/2017

12 de abril de 2016
Por: Rogério Rios

As discussões da 20ª Plenária Regional Sudeste, no início da tarde desta terça-feira (12/4), trataram sobre a atual conjuntura sindical do País e do SINPAF, com a apresentação do presidente do SINPAF, Julio Guerra.

De acordo com a análise de Julio, os sindicatos estão enfrentando ataques das próprias autoridades públicas que têm denegrido a imagem do movimento sindical como, por exemplo, uma declaração do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que colocou os dirigentes sindicais como ladrões ou quadrilheiros. Para Julio, “essa postura é inadmissível”.

Segundo o presidente, outra situação que prejudica a base sindical é o corporativismo que tem tratado as lutas de forma “umbilical” e desconsidera que a atuação dos sindicatos deve ser mais ampla e direcionada para o interesse coletivo das diferentes categorias.

Julio exemplificou com a pouca mobilização durante a votação da Lei que entregou o petróleo do Pré-Sal para as multinacionais. “Deveria estar toda a sociedade mobilizada, porque esse projeto era a “menina dos olhos” do governo e o Brasil domina a exploração de petróleo de profundidade”, afirmou.

Para ele, é preciso promover a discussão política sobre as mais de cinquenta ameaças aos direitos dos trabalhadores que tramitam no Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) para que as categorias sejam mobilizadas para o que está por vir.

Acordo Coletivo de trabalho

Durante os debates, Julio Guerra falou, ainda, sobre as negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2016/2017, com o qual a categoria deverá enfrentar grandes dificuldades de acordo com os desdobramentos Impeachment da presidente Dilma Rousseff.

De acordo com Julio, em 2014, mais de 500 categorias tiveram avanços, já em 2015, a maioria das categorias conseguiram manter apenas os direitos sem avanços significativos. As dificuldades nas negociações variam de acordo com o momento, como Copa do mundo e eleições majoritárias.

“Agora, estamos diante de uma crise política sem precedentes que paralisa qualquer processo de negociações”, disse o presidente.  Atualmente, muitas categorias estão saindo às ruas, não para exigirem mais direitos, mas sim para que paguem seus salários em dia. Mas o risco daqui para frente é de que as categorias sofram muito mais pela crise política. “Vamos enfrentar o pior dos anos das negociações sindicais”, enfatizou.

No momento, explicou Julio, não se sabe quem vai estar no poder, se vai continuar nas mãos dos trabalhadores ou se será preciso enfrentar de novo as dificuldades que os sindicatos viveram no passado, principalmente para as organizações que possuem negociação com Governo, seja Federal ou Estadual.

“Estamos diante de uma realidade em que, caso a presidente se mantenha, a gente trabalhe para fazer valer a pauta dos trabalhadores e garantir a ampliação de nossos direitos e, caso ela seja impedida, será uma outra situação ainda mais danosa, com a ameaça de retorno da política de estado mínimo”, disse.

Julio Guerra informou, também, que existe a perspectiva de iniciar as negociações da Campanha Salarial da Embrapa e do Codevasf 2016/2017 na segunda quinzena de abril. “A gente vai tentar fazer com que o processo avance no meio dessa tempestade. Espero que possamos continuar o diálogo, contribuir e receber contribuição para as nossas lutas”, concluiu o presidente.

 

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